N.118 | 11 de Novembro de 2014
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
O professor Dilton Oliveira de Araújo (DA) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dialoga com a professora Maria Herminia Olivera Hernandez (MH) da Escola de Belas Artes da UFBA.
(DO) É possível comparar os sentidos e as políticas de preservação de sítios históricos em Cuba e na Bahia (ou Brasil)? Quais são as diferenças e semelhanças fundamentais?
(MH) O Brasil é considerado um dos primeiros países, na América Latina, a falar em preservação e promover as questões referentes ao patrimônio, estabelecendo correspondência com o contexto internacional dos anos de 1930, que teve, na Carta de Atenas[1], divulgada em 1931, uma das principais referencias. Esses primórdios, no Brasil, datam de 1938, quando foram tombados alguns conjuntos em Minas Gerais, uma postura que se consolidou no tempo trazendo como resultado diversos tombamentos nacionais. Tem-se como dado que, na década dos anos de 1980, aparece a primeira versão oficial da história da preservação do patrimônio no Brasil, publicada pela Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Fundação Nacional Pró-Memória (SPHAN/ Pró-Memória). Nesse processo, não podemos deixar de mencionar Mario de Andrade, cujo legado intelectual devotado à cultura brasileira tem vigência até os dias de hoje, primando nele o princípio da cultura como uma diversidade de práticas, com especial interesse no patrimônio artístico.
Questões similares aconteceram em Cuba, em maior ou menor grau, lembrando que, à época, predominava o pensamento nacionalista que atingia as diferentes esferas da vida econômica e política desses países, fazendo com que, na área da cultura como um todo, surgissem políticas específicas, voltadas à proteção de seus patrimônios nacionais.
Um dado importante e que aproxima os dois territórios diz respeito ao reconhecimento de alguns dos patrimônios nacionais como Patrimônio da Humanidade, na década de 1980. Enquanto no Brasil, por exemplo, ocorre o tombamento da Cidade Histórica de Ouro Preto, MG, em Cuba, a Cidade Antiga de Havana Velha e suas fortificações assumem tal condição precisamente em 1982. Esses processos continuaram e, hoje, o Brasil conta com 19 sítios e Cuba com 9 sítios inscritos na lista do Patrimônio Mundial.Ressaltamos que a escola dos nossos restauradores de bens móveis e imóveis é baseada na formação italiana, seja ela nos pressupostos teóricos, metodologias e no fazer prático da atividade do restauro. Recentemente, ouve um encontro organizado pelo ICOMOS-BR e o Curso MP-CECRE, na FAUFBA, trazendo como tema a tradição e a atualidade neste segmento de atuação na área. Quanto às políticas de atuação dos agentes encarregados a nível governamental e instituições específicas nos sítios históricos, elas têmem comum a finalidade expressa da preservação do bem. Mas, em muitos casos, a abrangência, a utilização e o envolvimento da sociedade no processo manifestam diferenças, por exemplo, algumas intervenções realizadas (décadas de 1980 e 1990), em setores dos Centros Históricos de cidades em Cuba, incluíram nas mesmas tanto a participação ativa das pessoas como sua manutenção nas áreas voltadas à residência e serviços. No Brasil, temos o caso do Centro Histórico de Salvador, cujo conceito de intervenção não teve, entre seus princípios de atuação, a possível permanência dos moradores e sua adequação à nova realidade que passaria a viver esta parte da Cidade, durante e após o processo de restauração.
(DO) A política de preservação de sítios históricos em escala mundial privilegia aqueles sítios e monumentos que normalmente são símbolos do poder (templos, palácios etc), em detrimento de sítios que revelariam para os pesquisadores algo do modo de vida das populações pobres ou submetidas. Isso é uma consequência "natural" da melhor condição física ou estrutural desses objetos (tamanho, solidez, etc.) ou é resultado de opções políticas dos governos ou das sociedades ao longo da história? Qual a sua visão a respeito?
(MH)Esta é uma questão que reclama uma explanação ampla, mas é possível fazer aqui um breve resumo. O conceito de patrimônio nacional esteve, desde a época da Revolução Francesa, voltado basicamente para o resguardo dos bens que pertenceram ao clero e à nobreza e vinculado, de modo bastante profundo, com sentimentos nacionalistas, atendendo, assim, a uma situação econômica. Durante esse longo período, a noção de patrimônio cultural-monumento também passou pelo viés da política. De posse de tais informações, podemos compreender o vínculo efetivo da noção com os valores que foram sendo agregados e incluídos nas análises feitas. Ao longo do tempo, a noção de patrimônio foi sendo, por assim dizer, enriquecida até chegar ao estado atual, em que faz referência não apenas a patrimônio material, mas também a patrimônio imaterial, paisagem cultural, entre outros.
Retomando alguns aspectos da resposta dada à pergunta anterior, a movimentação mais efetiva sobre os patrimônios nacionais vem da época dos anos de 1930, tendo como uma das suas motivações a Carta de Atenas (1931), que serviu como referência para alguns países que passaram a se preocupar e estabelecer, digamos, políticas acerca de seus patrimônios, osquais inicialmente eram vistos como nacionais e, seguidamente, identificados como da humanidade. A publicação da Carta de Veneza (1964), constituiu um marco na concepção do que era considerado monumento, tirando-o do sentido restrito dos grandes eventos e sua história, ou seja, a chamada excepcionalidade a critério de alguns, e passando a compreender não apenas as grandes criações, mas também as obras modestas, que tenham alcançado, com o tempo, uma significação cultural. Por volta dos anos de 1970, inicia-se uma nova fase para as políticas de preservação, que deixou mais evidente a questão socioeconômica como função do patrimônio histórico cultural.
Em muitos casos, infelizmente, as políticas decisivas de tombamento costumam vir associadas a interesses governamentais ou de determinados grupos, o que acaba, de certa forma, deixando de fora partes fundamentais e portadoras de real valor incorporado, bem como não envolvendo as populações, verdadeiras detentoras do bem ou bens, que poderiam, caso consideradas, contribuir efetivamente na perpetuação daqueles patrimônios, independente de sua natureza. Contudo, partilhamos do critério de que ações efetivas vêm-se materializando, no intuito de modificar, cada vez mais, essa realidade, que foi bem mais apegada a outras intenções, digamos, desagregadoras e carentes de reconhecimento desses outros valores.
(DO) Quais as principais dificuldades para a realização da produção acadêmica na sua área de pesquisa?
(MH)Uma vez que minha formação acadêmica é voltada para as questões de patrimônio e restauro e que, na atualidade, trabalho na Escola de Belas Artes, especificamente nas áreas de Artes Visuais e Design, neste universo de inter e transdisciplinariedade, insiro a minha produção acadêmica e tento estabelecer o diálogo e as correspondências possíveis.
Uma das dificuldades que considero mais aparentes é a carência de material específico que trate dessas questões. As referências encontradas nem sempre atentam para a chamada transversalidade das áreas. Diante disso, procuro o aprofundamento das investigações, metas que costumam se materializar também por meio do ministério de disciplinas na graduação e pós-graduação.
[1] A Carta de Atenas (1931) e a Carta de Veneza (1964) são dos principais documentos internacionais, consagrados, que registram os princípios orientadores da preservação, permitindo sua adequação à cultura, tradições e realidade de cada país.
ACERVO
Serotonina
Neurotransmissor existente naturalmente, em especial, no nosso cérebro, sendo envolvida na comunicação entre os neurônios, conduzindo os impulsos nervosos. Com funções diversas, atua no controle da liberação de alguns hormônios, na regulação do sono e do apetite e na sensação de bem-estar. Sua carência ou ausência no organismo tem sido relacionada a condições neuropsíquicas sérias, como o Mal de Parkinson, e a problemas psiquiátricos, tais como depressão, ansiedade, agressividade dentre outros. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entra os quais:
Boa Sorte Junior, Anselmo Alves
Gutkowska, Jolanta
Mccann, Samuel M.
Carvalho, F. L. Q.
Dantas, K. B.
Economia solidária
Conjunto de práticas econômicas e sociais diversificadas, baseadas no desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Sob a forma de cooperativas, associações, redes de cooperação, clubes de trocas, entre outras, realizam atividades como as de produção de bens, prestação de serviços, trocas e consumo solidário. Os resultados econômicos, políticos e culturais são compartilhados pelos participantes, sem nenhum tipo de distinção. A economia solidária apresenta-se como uma inovadora alternativa de geração de trabalho e renda, assim como numa resposta a favor da inclusão social. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
O cooperativismo e crédito no município de baixa Grande, Bahia, na perspectiva da economia solidária
Empreendimentos de economia solidária: uma alternativa ao sistema de produção capitalista
Gonçalves, Tiago Bonfim Gonçalves
Políticas públicas de apoio à economia solidária em governos locais no Brasil
Mendonça, Jorge Henrique Teixeira de
Corporeidade
Termo que remete à maneira pela qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento de relação com o mundo. Como em um sistema de comunicação, a mente intenciona a movimentação do corpo, possibilitando-o a interação com o mundo. Este, por sua vez, dá uma resposta para o corpo que comunica à mente através dos órgãos sensoriais. Ao analisar as respostas obtidas do ambiente, a mente reage, mudando ou reafirmando suas ideias, utilizando o corpo para novas manifestações. Assim, a corporeidade possui três dimensões indissociáveis e complexas: a fisiológica, relacionada ao corpo; psicológica, referente ao emocional, à afetividade; e espiritual, sendo o universo físico, da vida e o antropossocial. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Corporeidade, educação infantil e formação docente
Tópico de Tradução para Casas e Abrigos
Drama decrouxiano: uma forma dramática para uma escritura mímica
Silva, Débora Conceição Moreira da
Alerta circula semanalmente, às terças-feiras, sob a coordenação de Flavia Garcia Rosa (Edufba) e Rodrigo Meirelles (RI/PROPCI). A execução está a cargo de Bernardo Machado, Évila Santana Mota (estagiários do Repositório Institucional). A revisão é de Tainá Amado (estagiária do Repositório Institucional). O design gráfico é de Gabriela Nascimento e Laryne Nascimento (Edufba). A divulgação está a cargo de Camila Fiuza (estagiária da Edufba).