N. 119 | 18 de Novembro de 2014

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

 

 

O professor Gilberto Corso Pereira (GC) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo  da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dialoga com o professor Dilton Oliveira de Araújo (DA), da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.

 

(GC) Qual o seu percurso como pesquisador, ou em outras palavras, por onde você passou até chegar ao momento atual que discute temas como poder, conflitos, rebelião, imprensa, palavras que estão presentes nos títulos da sua produção recente?

 

(DA) Tem um lado pessoal, da trajetória pessoal, aquela que se percorre antes mesmo das definições de natureza acadêmica. E isso tem muito a ver com a formação individual e familiar. Em casa, ainda crianças, éramos incentivados a olhar a situação vigente, quando existia, por volta de 1968 e anos seguintes, o pleno domínio dos militares, a repressão política, as passeatas estudantis. Tudo isso, a partir das posições do meu pai, que se manifestava e vociferava contra aquele estado de coisas em frente à TV ou lendo o noticiário nos jornais em voz alta na sala de casa, o que éramos chamados a assistir. Antes, ele tivera alguma ligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e com o sindicalismo bancário em Feira de Santana.

Depois desses momentos da infância, já na Universidade, a aproximação com a vida política universitária, sobretudo, com o movimento estudantil, do qual fiz parte, tendo-me envolvido com as discussões intensas que realizavam os partidos de esquerda, as suas disputas quanto ao melhor e mais adequado modo de enfrentar o poder dos militares, que ainda se mantinha vivo; as suas disputas internas também, uma característica bem marcantes dos partidos de esquerda. Isso era já nos finais dos anos de 1970.

Apesar de outras facetas e influências na vida pessoal, a exemplo da música, com a qual tive também um relacionamento, a política terminou prevalecendo como aquela que se fez mais presente na vida acadêmica anos depois. É claro que, antes disso, teve a opção pelo estudo da História, após ter quebrado um pouco a cabeça para escolher a profissão e ter entrado em um curso de engenharia civil, ao qual me dediquei por pouco mais de um ano.

A política passou a me interessar como objeto à medida que o curso de História avançava e isso se fez mais forte no momento de entrar para o mestrado, quando estudei o advento da República na Bahia, buscando entender o tipo de movimento que por aqui floresceu, a sua natureza, os seus participantes, as relações com outros eventos, a exemplo da luta abolicionista, já que aqui na Bahia, e mais especificamente em Salvador, muitos dos republicanos que se organizaram como clube e depois como partido, haviam sido ativos participantes dos movimentos e sociedades abolicionistas ou emancipacionistas nos anos anteriores a 1889.

Mais adiante, passei a estudar esses eventos elencados na sua pergunta, voltando um pouco mais no tempo para pesquisar e estudar a Bahia do século XIX. E tenho orientado estudantes em trabalhos de mestrado e de doutorado em temáticas relacionadas. Sobretudo, aquelas que se concentram entre o tempo em que se verificou a independência e a metade do século XIX, todas elas relacionadas à questão das relações de poder entre os grupos sociais no período.

 

(GC) Me parece que você discute muito as relações entre poder local e central. Se minha percepção é correta seria possível (e relevante) traçar algum paralelo, falando da Bahia, entre o contexto do século XIX e o recente, final do século XX?

 

(DA) Boa parte das minhas preocupações de estudo e pesquisa tem a ver com essa problemática, do local, do regional e do nacional. No século XIX, os rumos dessa relação se revelaram cruciais para a própria consumação da nação brasileira, construída que foi a partir do amálgama de partes distintas e não necessariamente integradas da antiga colônia portuguesa na América, aquilo que é, por vezes, denominado de Continente do Brasil. A nação se fez após décadas de disputas que envolveram localidades, províncias e um centro com pretensões de promoção da unidade, cujo locus era o Rio de Janeiro.

Com o passar do tempo, após longo período de dissensões entre esses tantos núcleos de poder, de inúmeras rebeldias sociais e políticas, que colocaram em risco os propósitos de unidade, a centralidade foi vitoriosa e, ao invés de uma situação de partilhamento nacional semelhante ao que ocorreu na América hispânica, formou-se uma nação única a partir (mesmo que sem a necessária vontade dessas) da reunião das regiões coloniais do antigo Continente do Brasil.

Bem, a nação continua em processo de feitura. Ela e reiterada a cada momento histórico. E é assim ainda hoje. No entanto, creio que os perigos de fragmentação são mínimos nos dias de hoje. Excetuando, talvez, grupos existentes no Rio Grande do Sul (região de fronteira), há uma aceitação quase completa pelos Estados-membros da federação quando se pensa em pertencimento nacional hoje em dia.

Creio que a Bahia se encaixa plenamente nesse contexto e digo ainda que, em todo o processo de formação nacional do século XIX, os grupos dominantes da Bahia não se posicionaram ou se rebelaram contra os propósitos nacionais que emanavam do centro político nacional no Rio de Janeiro, que tinha sua base de elaboração mais decisiva naquilo que comumente se denomina de centro-sul e que congregava as províncias do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais. As rebeldias baianas, as inquietações anticentralizadoras, federalistas e republicanas baianas não foram gestadas no seio das suas elites, mas em outras camadas sociais.

 

(GC) Na área de estudos urbanos no Brasil em determinados momentos grandes temas emergem e neles se engajam um grande número de pesquisadores. A “questão habitacional” nas décadas de 70 e 80, o estudo da “metropolização” nos anos 90, o “direito à cidade” no século XXI, são exemplos. Na área de História acontece algo assim? Qual a agenda de pesquisa com que se defrontaria um jovem pesquisador nos anos 80/90 e hoje? E quais as dificuldades que ele enfrentará?

 

(DA) Ainda nestes dias falava sobre esse tema com os meus alunos da graduação, todos eles em busca de uma temática de pesquisa, mas com certas dificuldades de definição a respeito. Na História, por vezes, até as próprias datas comemorativas são incentivos à inclinação de muitos para pesquisar os temas por elas sugeridos. De alguma forma, foi assim no centenário da lei de abolição do trabalho escravo, em torno de 1988; agora acontece com os 50 anos de implantação da ditadura militar no país. Por vezes, essas linhas de força momentâneas dificultam uma visão ampliada dos estudantes a respeito de temas e do modo de fazer as suas escolhas.

Na História, há também um encantamento pelas rebeliões e revoluções, que são realmente momentos extremamente atraentes para qualquer estudioso ou para o leitor comum. E muitos procuram uma rebelião para chamar de sua. No entanto, elas são limitadas em número, embora sempre seja possível a reinterpretação a partir de novo enfoque teórico ou da descoberta de nova documentação primária que permita a realização de um novo trabalho de pesquisa.

Mas eu costumo dizer que, apesar da grandiosidade dos momentos revolucionários que, por vezes, mudam o rumo da vida, a história se desenrola na maior parte do tempo sem que esses eventos estejam acontecendo. É a vida econômica; são as hierarquias se fazendo; é a cultura e suas significações, de domínio ou de subversão; é o longo tempo das permanências e nos quais amadurecem, quem sabe, futuras revoluções, imprevisíveis revoluções. Esses tempos de “quietude” são tempos para serem estudados.

 

ACERVO

 

Álcool

Classe de compostos orgânicos que possui, na sua estrutura, um ou mais grupos de hidroxilas ligados a carbonos saturados. É utilizado como combustível, solvente e esterilizante. É o componente principal das bebidas alcoólicas. Os tipos do álcool são: etílico, metanol, anidro, bornílico e desnaturado. É produzido a partir de matérias primas com origem vegetal que possuem altos índices de frutose. A matéria prima mais utilizada é a cana-de-açúcar; o milho, mandioca e eucalipto também são utilizados na fabricação do álcool. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

O setor sucroalcooleiro e o novo contexto energético: uma análise sobre suas possibilidades de inserção no mercado de energia

Sousa, Marcos Lopes de Oliveira

 

Determinação espectrofotométrica indireta de sulfato em álcool etílico combustível empregando dibromosulfonazo III

Almeida, Jorge Santos de

 

Produção de biodiesel em laboratório a partir de óleo e gordura residual pela rota etílica com hidróxido de sódio

Saltarin, Manuel Jose

 

Desenvolvimento de catalisadores de ródio e cobalto para a reforma a vapor do etanol

http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13210

Moura, Jadson Santos

 

Fontes, reatividade e quantificação de metanol e etanol na atmosfera

Pereira, Pedro Afonso de Paula

Andrade, Jailson B. de

 

Salmonella

Gênero de bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae. Seu nome é uma referência ao cientista estadunidense Daniel Elmer Salmon, que associou a doença à bactéria pela primeira vez. São bactérias Gram-negativas que possuem forma de bacilo. São compostas por três espécies: Salmonella subterranea, Salmonella bongorie e Salmonella entérica – esta última causa a febre tifóide e tem o ser humano como seu hospedeiro. Uma pessoa adquire essa bactéria se comer alimentos mal cozidos, manipulados indevidamente e quando não faz higiene adequada das mãos. Quando é ingerida, causa intoxicação alimentar. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Detecção de Salmonella spp. em alimentos e manipuladores envolvidos em um surto de infecção alimentar

Guimarães, A. G.

Leite, C. C.

Teixeira, L. D. S.

Santana, M. E. B.

Assis, P. N.

 

Determinação de Salmonella spp. e identificação dos pontos críticos de controle no processamento de frango congelado

Costa, Marilia Lima

 

Renal involvement in prolonged salmonella bacteremia: the role of schistosomal glomerulopathy

Martinelli, Reinaldo

Pereira, Luis Jose Cardoso

Brito, Edilson

Rocha, Heonir

 

Lysotypes and plasmidial profile of Salmonella Serovar Typhimurium isolated from children with enteric processes in the cities of Rio de Janeiro, RJ, and Salvador, BA – Brazil

Asensi, Marise Dutra

Costa, Arudy Penna

Reis, Eliane Moura Falavina dos

Hofer, Ernesto

 

Epidemiological and microbiological aspects of acute bacterial diarrhea in children from Salvador, Bahia, Brazil

Santos, Daniel R. Diniz

Santana, José S.

Barretto, Junaura Rocha

Andrade, Maria Goreth M.

Silva, Luciana R.

 

Biografia

Do grego antigo βιογραφία (de βíος – bíos, vida” e γράφειν – gráphein, “escrever”), é um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma pessoa ou de várias pessoas. De modo geral, as biografias retratam a vida de alguém. Na língua francesa, o primeiro registo do termo biographie data de 1721; biography, da língua inglesa, foi documentado em 1791; em espanhol e português ­– biografía e biografia, especificamente – só foram registrados a partir da segunda metade do século XIX. Há ainda a autobiografia, que é quando o biografado (a pessoa cuja vida está sendo contada) é o próprio autor. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Eu venho de longe: Mestre Irineu e seus companheiros

Moreira, Paulo

MacRae, Edward

 

“Nem preto, nem branco, mas puro matiz”: um ensaio sobre a produção crítica do uspianista José Miguel Wisnik

Assis, Jamille Maria Nascimento de

 

Um enxame de monólogos: sujeito e subjetividade na lírica de Paulo Leminsk

Magalhães, Elton Linton Oliveira

 

Máquina de [re]escrever: processos de reciclagem cultural na obra metabiográfica de Ana Miranda

Macedo, Anne Greice Soares Ribeiro

 

Glauber em crítica e autocrítica

Aguiar, Ana Lígia Leite e