N.121 | 2 de Dezembro de 2014
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A professora Rosa Gabriella de Castro Gonçalves (RG) da Escola de Belas Artes dialoga com o professor Gilberto Corso Pereira (GC) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(RG) As pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no âmbito da Universidade acerca do planejamento urbano têm repercutido efetivamente no planejamento urbano de Salvador, ou seja, as pesquisas desenvolvidas no âmbito acadêmico têm tido uma boa acolhida no plano institucional? Existe interesse e reconhecimento pela parte do poder público pelo conhecimento produzido nessa área dentro da academia?
(GC) Não podemos dizer que isto aconteça. Podemos, ao contrário, perceber que as funções tradicionais do Estado como o planejamento e gestão urbana têm sido transferidos para atores privados e isto não é um processo exclusivo de Salvador, a literatura internacional mostra que é um processo presente em diversos países e cidades, mas aqui foi exacerbado, particularmente, na última administração municipal. A produção da cidade é um grande negócio e isto não é novidade. A novidade é a influência que tem hoje a coalizão de interesses empresariais que são os que verdadeiramente definem os rumos do desenvolvimento urbano em Salvador. Os exemplos recentes são inúmeros, os diversos Planos sucessivamente apresentados e revistos, bem como os projetos apresentados, recentemente, Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano - PDDU 2004, PDDU 2008, a modificação da LOUOS – Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo 2011, as operações TRANSCON – Transferência do Direito de Construir, o PDDU da Copa, o projeto da Linha Viva todos vão nesta direção. A regulamentação do espaço urbano é uma atribuição municipal que é exercida através de leis que definem o que pode e o que não pode acontecer no espaço urbano, coisas como a altura dos edifícios, o tipo de atividade, a densidade demográfica, dependem destas leis que em última análise colocam restrições de diversas naturezas ao uso do solo urbano visando o bem comum – saneamento, saúde, transporte, oferta de infraestrutura, etc. As modificações recentes da legislação urbana de Salvador, em grande medida, tiveram como objetivo a flexibilização das normas de ocupação do solo urbano e construção, e foram contestadas e embargadas pelo Ministério Público, um reflexo do conflito entre os que buscam a ampliação do valor de troca dos imóveis na produção do espaço urbano e a resistência de setores da sociedade que se apoiam no que resta da legislação para preservar os seus valores de uso destes espaços. O poder público que busca algum apoio no conhecimento produzido na academia tem sido o poder judiciário – através do Ministério Público – e não as instâncias responsáveis pela administração do espaço urbano, falo aqui dos governos estaduais e municipais. Com raras exceções, o item que gera consenso entre as elites locais é “crescimento”. Perseguir o crescimento da cidade cria consenso entre diversos grupos da elite, não importando o quanto tenham interesses contraditórios em outros tópicos.
(RG) Como o senhor analisa as propostas de "gentrificação" de áreas tradicionais e detentoras de uma cultura tão própria quanto o Largo 2 de julho e Santo Antônio Além do Carmo?
(GC) Estas propostas integram o mesmo processo de “privatização do planejamento urbano” embora aqui sejam desenvolvidas novas estratégias imobiliárias. São áreas de grande valor histórico e cultural para a cidade, mas de menor valorização do solo, bem localizadas e dotadas de infraestrutura. O poder público passou nestes casos a atuar para garantir a apropriação pelo capital privado de parte do tecido urbano já edificado e infraestruturado. Eu não diria que é uma proposta de “gentrificação” mas sim que são propostas de operações imobiliárias e urbanísticas que visam à ampliação do valor de troca dos imóveis localizados nestas áreas – que se traduz no aumento do preço dos imóveis recolocados no mercado. A “gentrificação”, ou seja, a substituição dos moradores originais por moradores de um novo extrato social virá como consequência e se dará por mecanismos de mercado apoiados em ações respaldadas pelo Estado, como por exemplo, novos instrumentos de concessão urbanística, instrumentos de crédito específicos, critérios de licenciamento urbanístico customizados.
(RG) Recentemente a orla oceânica no bairro da Barra sofreu um processo de remodelação. Qual sua interpretação deste projeto? Como a Universidade reage a estas propostas e qual a possibilidade de interação entre academia e poder público?
(GC) O projeto da orla a princípio parece uma boa ideia na medida em que não é mais uma obra viária voltada a circulação de automóveis como foi a grande maioria dos investimentos recentes. Salvador é uma cidade carente de espaços públicos, existem poucos e seu uso é cada vez mais restrito. Até a praia, recentemente, foi palco de um conflito entre o uso público e o privado, como foi o imbróglio das barracas de praia. A cidade em muitos lugares não tem nem calçadas e é comum você ver pessoas disputando espaço nas ruas com os carros. A rua não deve ser somente um espaço de circulação ou de estacionamento de automóveis, é também um espaço de socialização, de encontros, de trocas e mesmo de conflitos. Agora é importante que esta possibilidade de devolver aos logradouros públicos um uso público não fique restrita a Barra, numa espécie de obra de cartão postal, mas, seja estendida para outros espaços da cidade. É claro que para isso se viabilizar é preciso ações no sentido de resolver o grave problema de mobilidade que atinge Salvador, ou seja, os problemas são interligados, por exemplo, restringir o tráfego de automóveis pode ser bom, desde que existam maneiras de chegar aos lugares sem eles. Outra questão importante a ser tratada é a violência urbana que vai restringindo o próprio uso do espaço urbano, na medida em que deixamos de frequentar certos lugares, ou passamos a ir a alguns lugares somente em determinados horários. Quanto às possibilidades de interação entre academia e poder público além da pesquisa que gera conhecimento sobre a Cidade existem algumas alternativas como projetos de extensão, cursos. Creio que é preciso de parte a parte uma disposição para maior interação, eu mesmo já desenvolvi projetos a partir de demandas da administração municipal mas as ações da última administração estreitaram essas possibilidades de interação que podem novamente se alargar se houver disposição dos atores envolvidos.
ACERVO
Piano
Instrumento musical de cordas. Teve sua primeira referência publicada em 1711, no Giornale dei Litterati d'Italia por motivo de uma apresentação em Florença pelo seu inventor Bartolomeo Cristofori. A partir desse momento sucede-se uma série de aperfeiçoamentos até chegar ao piano atual. Possuem 88 teclas e dois ou três pedais. O som é produzido por peças feitas em madeira e cobertas por um material macio designado martelos, e sendo ativados através de um teclado. Nos dias atuais existem vários tipos de pianos, dentre eles: o de caudas, vertical, automático. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Motivação e prática musical: uma investigação sobre o estudo cotidiano do piano por crianças
Illescas, Agnes Eliane Leimann
As peças para piano de Altino Pimenta
Coesão e proporções nos improvisos para piano de Camargo Guarnieri
Quatro peças para clarineta e piano de Osvaldo Lacerda: um estudo interpretativo
Alumínio
Elemento químico de símbolo Al. Foi descoberto em 1827 por Friedrich Wöhler. É um metal leve, macio e resistente, possui um aspecto cinza prateado e fosco. O alumínio não é tóxico como metal e não cria faíscas quando exposto em atrito. Devido à sua grande reatividade química é usado, como combustível sólido para foguetes e para produção de explosivos. O alumínio pode ser reciclado e isso faz com que sua vida útil seja aumentada. É o elemento metálico mais abundante da crosta terrestre. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
A competitividade da indústria brasileira de alumínio
Análise de viabilidade econômica de reciclagem de alumínio
Silva, Maria de Fátima Pereira da
Efeito do método de preparação nas propriedades catalíticas de óxidos de ferro contendo alumínio
Medeiros, Alleyrand Sergio Ramos
Desidrogenação do etilbenzeno sobre compostos de ferro e alumínio
O mercado de reciclagem de alumínio no município de Salvador: 1992-2001
Coreografia
Do grego χορογραφία (χορεία “dança” e γραϕία “grafia”, “escrita”), é a arte de compor trilhas ou roteiro de movimentos que compõem uma dança. Em toda forma de balé existe uma coreografia: no balé clássico, ela é composta por um grupo de movimentos mais padronizados; na dança moderna, os movimentos são mais livres; já na dança contemporânea há quase uma quebra do conceito de coreografia, visto que, ao contrário das outras duas, os movimentos são tão livres que nem sempre há uma representação gráfica. A coreografia serviria, portanto, para descrever a dança que será executada, ou melhor, é o conjunto de movimentos e a sequência deles, que compõe a dança e segue uma trilha musical (embora haja espetáculos de dança contemporânea sem trilha musical). No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Reencarnação: registro como coreografia na obra "retrospectiva" de xavier le Roy
O sagrado sorrizo de Selmynha a dança do mestre-sala e da porta-bandeira na cena afro-carioca
Alerta circula semanalmente, às terças-feiras, sob a coordenação de Flavia Garcia Rosa (Edufba) e Rodrigo Meirelles (RI/PROPCI). A execução está a cargo de Bernardo Machado, Évila Santana Mota (estagiários do Repositório Institucional). A revisão é de Tainá Amado (estagiária do Repositório Institucional). O design gráfico é de Gabriela Nascimento e Laryne Nascimento (Edufba). A divulgação está a cargo de Camila Fiuza (estagiária da Edufba).