N.122 | 9 de Dezembro de 2014

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

 

José Carlos Ribeiro  (JC) professor Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia dialoga com  Edilece Couto   (EC) professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.

 

 

JC - A partir da leitura de seu currículo, constata-se que seu foco prioritário de interesse e de pesquisa está relacionado ao entendimento das expressões culturais e religiosas localizadas em momentos específicos de nosso passado (em especial daquelas situadas entre o final do século XIX e o meado do século XX). Tendo como referência este olhar, ancorado em análises e reflexões destes momentos históricos, como você percebe as manifestações que se apresentam na atualidade? É possível detectar características marcantes que as diferenciem daquelas localizadas no passado?

 

 

EC – O meu interesse de pesquisa pelas expressões culturais e religiosas, especialmente as festas e as devoções, surgiu a partir da observação participante. Ao acompanhar essas manifestações, me perguntava qual a origem, quais as características fundamentais e as transformações pelas quais elas passaram ao longo do tempo. Em muitos países, da Europa, sobretudo, muitas devoções e festas desapareceram e, por vezes, existem movimentos na tentativa de reinventá-las. No Brasil, ao contrário, temos extensos calendários de festejos que permanecem e se atualizam desde o período colonial. Então, as nossas manifestações se modificam, acompanham as mudanças da sociedade, sem que haja uma descaracterização. Em todas as devoções e festas, existem elementos fixos em suas estruturas, mas também um leque muito grande de perdas e novas incorporações. Ao meu ver, não se trata de algo negativo ou positivo, apenas de adaptações e inovações. É claro que cada participante ou devoto valoriza determinados momentos da sua vivência cultural e/ou religiosa. Acredita que, no seu tempo, as festividades eram mais organizadas, bonitas, sofisticadas porque passa a fazer parte da sua memória. Para os participantes dos festejos atuais, esse é o melhor momento. Portanto, mais importante do que as mudanças dos elementos constitutivos, são os significados impressos em diferentes épocas.

 

 

 

JC - Quando penso sobre o tema da religiosidade popular, os aspectos que mais me intrigam são a riqueza e a complexidade de expressão do fenômeno e as suas consequências na construção da vivência coletiva (revelada em diversas manifestações sociais, econômicas, psicológicas, culturais e históricas). Como você observa isto? Quais estratégias você costuma utilizar para compreender este fenômeno?

 

 

EC - Nas minhas pesquisas tenho priorizado a vivência religiosa dos leigos. A história das instituições é importante, mas prefiro discutir as relações entre os leigos e o clero. Desde o período colonial as associações leigas (confrarias, irmandades e ordens terceiras) são espaços privilegiados da vivência religiosa coletiva. Confrades e irmãos mantinham laços de solidariedade, ajuda mútua (em momentos de dificuldade financeira, doença e morte de um membro) e formação de identidades, principalmente dos africanos e seus descendentes, que se reuniam por critério de cor. E essa construção coletiva ainda pode ser observada nas associações que permanecem. Cultuar santos, orixás, enquices, vodus, caboclos, encantados e outras entidades exige uma construção coletiva dos rituais e das festas. E nesse processo, as pessoas se encontram, constroem e solidificam laços de familiaridade e solidariedade. Para o historiador que pesquisa as religiões e religiosidades na atualidade, é necessário coletar e analisar as fontes (documentos), mas também participar das atividades do grupo religioso e, principalmente, ouvir os seus relatos. A História Oral nos oferece métodos para observar e interpretar os fenômenos religiosos. Essa é a principal estratégia que utilizamos.

 

 

 

JC - Comumente temos a lembrança de pessoas e de fatos que se mostraram significativos para o direcionamento de nosso percurso intelectual. Quais foram aqueles que mais se destacaram dentro da sua experiência e de que maneira eles têm ressonância em suas atividades atuais?

 

EC - A minha família é católica e sempre participei das festas religiosas da minha cidade, Ipiaú. Porém, foi em Ilhéus que descobrir outra forma de festejar os santos, com rituais e práticas da tradição indígena. Assim, minha iniciação na pesquisa histórica se deu em uma especialização em História Regional, com o estudo da Puxada do Mastro de São Sebastião, em Olivença, aldeamento jesuítico no século XVIII e atual distrito de Ilhéus. No Brasil dos anos 1990 fazer da festa um objeto histórico era algo incomum. Contei com a orientação da Profa. Dra. Marli Geralda Teixeira, especialista em História das Religiões e pesquisadora do protestantismo. Trabalhei o mesmo tema no mestrado na Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Assis, onde também realizei o doutorado. Na pós-graduação havia uma linha de pesquisa chamada Religiões e Visões de Mundo. Fui orientada pelo Prof. Dr. Eduardo Basto de Albuquerque, um grande estudioso das religiões e religiosidades. Nas aulas, nos encontros de orientação e na participação das discussões dessa linha, além de uma sólida formação, encontrei o direcionamento para o meu percurso intelectual. Esse grupo da UNESP criou a Associação Brasileira de História das Religiões – ABHR (1999) e o GT Nacional de História das Religiões e das Religiosidades na Associação Nacional dos Professores Universitários de História – ANPUH (2005), que realizam congressos a cada dois anos e nos quais encontro troca de experiências e incentivo para novas pesquisas.

 

 

ACERVO

 

Aterro sanitário

Local destinado ao descarte de lixo. São construídos, na maioria das vezes, em locais distantes das cidades, por conta do mau cheiro e da possibilidade de contaminação do solo e das águas subterrâneas. Na preparação de um terreno para ser aterro sanitário, é necessário fazer a impermeabilização, o nivelamento do terreno e a drenagem de chorume, para evitar vazamento de material líquido para o solo, evitando contaminação dos lençóis freáticos. A criação de aterros sanitários soluciona parte dos problemas causados pelo excesso de lixo gerado nas cidades. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Possibilidades sustentáveis para Salvador, aterros sanitários e arborização em termos ambientais e econômicos

Karr, Patricia Santana Costa

 

Avaliação do processo de coagulação-floculação de lixiviado de aterro sanitário pré-tratado biologicamente utilizando quitosana e sulfato de alumínio como coagulantes

Nascimento, Inara Oliveira do Carmo

 

Geração de metano devido à digestão anaeróbia de resíduos sólidos urbanos - estudo de caso do aterro sanitário metropolitano centro, Salvador – BA

Santos, Átila Caldas

 

Aplicação da via curta para remoção biológica de nitrogênio de lixiviado de aterro sanitário utilizando reator em batelada seqüencial

Santana, Luiz Felipe Tavares

 

Geofísica elétrica na caracterização da hidrologia subterrânea na região do Aterro Metropolitano Centro, Salvador, Bahia

Cavalcanti, Susana S.

Sato, Hédison K.

Lima, Olivar A. Lima

 

 

 

Barroco

Segundo alguns autores, a palavra “barroco” deriva da palavra “verruca” do latim, que significa elevação de terreno em superfície lisa. O Barroco inicia-se a partir do ano de 1600, em Portugal, estendendo-se por cem anos. Todas as manifestações ocorridas entre esse período estão inseridas num contexto assimétrico e rebuscadas das obras barrocas. No Brasil, iniciou-se em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, o qual introduz em definitivo o modelo da poesia camoniana na literatura brasileira. Outros autores brasileiros que se destacaram foram o Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos Guerra. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

A pintura baiana na transição do barroco ao neoclássico

Pereira, Suzana Alice Silva

 

 

Proposta para interpretação da grande de Antônio dos Santos Cunha

Rocha, Edilson Assunção

 

 

A colina sagrada: por uma crítica puro visibilista

Lissonger, André Luiz Ferreira

 

 

Os Altares-Mores das Igrejas de Laranjeiras/Sergipe

Orazem, Roberta Bacellar

 

 

 

OURO PRETO: cidade barroca

Baeta, Rodrigo

 

 

 

 

 

Óxido nítrico

É um radical livre gasoso, inorgânico, incolor, considerado um dos mais importantes mediadores de processos intracelular e extracelular. Uma de suas formas de produção é através das várias espécies celulares, como a do sistema imunitário que o produz para combater bactérias. Pode ser utilizado também no relaxamento do músculo liso da parede do vaso dilatando-o, aumentando o fluxo sanguíneo e diminuindo a pressão arterial. Na natureza, pode ser formado em altas temperaturas, pela combinação de nitrogênio e oxigênio; sua maior produção natural é feito pelo relâmpago que libera o óxido na atmosfera e mais tarde, converte-se em ácido nítrico causando chuvas ácidas. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

 

Avaliação da influência do óxido nítrico durante a infecção por Corynebacterium Pseudotuberculosis em modelo murino

Oliveira Neto, Milton Galdino de Oliveira

 

 

 

Nitrosilo complexos com corantes fenotiazinícos: uma estratégia de produção de óxido nítrico através de estímulo eletroquímico e fotoquímico visando aplicação em fototerapia

Nascimento, Alanjone Azevêdo

 

Nitrosilo complexos de rutênio imobilizados em matriz de sílica: obtenção, caracterização e reatividade eletroquímica e fotoquímica

Costa, Olívia Maria Bastos

 

Síntese, caracterização e estudos de reatividade e atividade biológica de nitrosilo complexos de rutênio com ligantes diflunisal e dihidroxibenzoicos

Oliveira Neto, Ernani Lacerda de

 

 

 

 

 

 

 

 

Alerta circula semanalmente, às terças-feiras, sob a coordenação de Flavia Garcia Rosa (Edufba) e Rodrigo Meirelles (RI/PROPCI). A execução está a cargo de Bernardo Machado, Évila Santana Mota (estagiários do Repositório Institucional). A revisão é de Tainá Amado (estagiária do Repositório Institucional). O design gráfico é de Gabriela Nascimento e Laryne Nascimento (Edufba). A divulgação está a cargo de Camila Fiuza (estagiária da Edufba).