N. 130 | 24 de fevereiro de 2015

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

O professor  Evergton Sales Souza (ES) da  Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da  Universidade Federal da Bahia (UFBA)  dialoga  com a professora Itania Gomes (IG) da Faculdade de Comunicação da UFBA.

(ES) A reflexão sobre a televisão ocupa um lugar central em sua trajetória de pesquisa. Em artigo recente, dedicado ao tema dos constrangimentos históricos para a constituição de uma política pública para a conservação e acesso ao acervo televisivo, você termina por apontar a experiência da constituição da cinemateca como uma alternativa inspiradora para o reconhecimento da especificidade cultural da produção televisiva.

Enquanto não se implementa uma tal política, como podemos utilizar esses materiais – fontes, como dizemos os historiadores –, para o estudo da história da tv e de múltiplos aspectos da sociedade brasileira? Gostaria de precisar que minha pergunta envolve aspectos práticos - acesso aos acervos -, mas também aspectos relativos aos usos que se pode fazer deste material para a produção do conhecimento da história.

 

(IG) Obrigada pelas questões, Evergton. Se considerarmos que nossa TV completará 65 anos daqui a uns meses - nasceu em 1950, com a TV Tupi - e que a maior rede de televisão do país, a TV Globo, é a primeira emissora mundial em volume de produção de conteúdo (a Globo produz 80 por cento do que transmite),  percebemos melhor a dimensão do nosso problema. Temos um cenário televisivo em que o público brasileiro consome majoritariamente uma produção televisiva nacional. Ainda tomando em causa a Globo, existem programas que estão em exibição desde a década de 70: Jornal Nacional, Fantástico, Globo Repórter, Globo Rural, só para falar dos mais significativos. E nós não temos chance de realizar uma análise que leve em conta a trajetória de exibição desses programas: ausência de políticas públicas de preservação e acesso à produção televisiva nos leva a analisar permanentemente o presente... Do ponto de vista da pesquisa, quase não nos resta alternativa senão construir nosso corpus com antecedência para garantir a possibilidade de que nós mesmos possamos gravar e decupar os programas, limitando nossa pesquisa aos programas que estão em exibição na grade de programação.  Ou recorremos a registros impressos, a acervos pessoais, a bases de dados quase sempre muito limitadas.  Isso tem por consequência a fragilidade da compreensão da historicidade das formas televisivas brasileiras, fundamental num contexto em que a televisão opera como grande força social, econômica, política, cultural. Bem sabemos da importância que o audiovisual tem na cultura brasileira e de como ela se desenvolve em articulação com transformações histórico-sociais, políticas, institucionais, com movimentos estéticos e tecnológicos.

As emissoras têm feito alguns esforços de preservação da sua produção televisiva e tem nos garantido o acesso a algum material, mas a organização dos seus acervos obedece a um pensamento comercial, não científico. No caso do arquivo da Globo, que é a emissora que está mais à frente na preservação de seus programas, ele é estruturado de modo a servir de base às suas próprias produções televisivas ou a retransmissões e circulação em outras mídias e plataformas e não à pesquisa. Além disso, como a produção televisiva é considerada propriedade das emissoras (e não patrimônio audiovisual brasileiro), enfrentamos certos constrangimentos quanto à cessão e uso de suas imagens, mesmo em trabalhos científicos ou para fins didáticos.

 

(ES) A revolução nas comunicações operada pela internet parece ter atingido com bastante força a audiência televisiva - em particular em nosso país. Como você vê esta situação, hoje, e quais as perspectivas futuras para a televisão no Brasil? Acredita que será necessário uma readaptação ao novo momento mundial das comunicações?

 

(IG) Essa readaptação, como você diz, já está aí! Com certeza a televisão, como tecnologia e como forma cultural, passa por um processo de intensa transformação devido às inovações tecnológicas, mas também devido a alterações nas práticas industriais de produção, criação e circulação, à revisão dos marcos regulatórios e da legislação trabalhista, a reconfigurações de hábitos e expectativas das audiências, a disputas por reconhecimento. Eu não partilho da concepção hegemônica, quase senso comum, que, ao enfatizar o processo de transformação tecnológica como uma sucessão de inovações, em que uma tecnologia simplesmente substitui a anterior e assim sucessivamente, levaria, à conclusão óbvia do fim da TV diante do surgimento da Internet. Claro, o aparelho de TV se reconfigura – vamos na direção das smart TVs, da televisão conectada; e se reconfiguram também os modos como produzimos e consumimos televisão – e não parece haver grande futuro na TV aberta, generalista, no meio da sala de estar. A experiência de ver televisão é hoje marcada por práticas de apropriação da internet (redes sociais, compartilhamento de vídeos), mas navegar na internet muitas vezes também é assistir televisão - e não penso só nas séries televisivas produzidas para circulação na internet, muitas vezes estamos "na internet" assistindo os telejornais, novelas, programas produzidos pelas TVs abertas.

Eu tendo a olhar a televisão em articulação com duas das principais marcas do contexto midiático contemporâneo, que são a convergência de tecnologias e a hibridização de fronteiras entre distintos media e distintas indústrias culturais. Esse cenário, em que gêneros, processos e produtos televisivos tradicionais convivem com uma crescente hibridização das produções, em que novos formatos de programação são experimentados, em que outras apropriações da audiência se configuram, demanda de analistas, críticos e também dos profissionais de TV, diferentes modos de apreensão da experiência televisiva.

 

(ES) Você examinou, em vários dos seus artigos, questões relativas ao telejornalismo no Brasil. O caráter mercadológico que você aponta como presente na própria constituição da TV brasileira poderia explicar, em parte, a manifesta ausência da pluralidade de opiniões em nosso telejornalismo? Mas, nesses novos tempos inaugurados pela internet, esta falta de pluralidade não pode se constituir em mais um vetor de perda de credibilidade e audiência?  

 

(IG) Eu não creio que o caráter comercial da televisão seja, em si mesmo, uma causa da falta de pluralidade de opinião no telejornalismo. Nesse aspecto, sistemas comerciais tanto quanto sistemas públicos de televisão têm dado origem a experiências televisivas mais ou menos plurais, mais ou menos abertas e múltiplas em distintos países e momentos históricos. O telejornalismo, o brasileiro como o de qualquer outro país, se produz em condições históricas, sociais, econômicas e culturais específicas. Creio que são essas condições, em articulação num determinado momento histórico, que podem explicar o telejornalismo que temos, com suas características específicas, suas qualidades, seus problemas. Certamente teríamos outro telejornalismo, para o bem ou para o mal, se nossa história política fosse outra, se fossem outros nossos processos de formação cultural, outros os modelos de desenvolvimento econômico que adotamos. 

 

ACERVO

 

Receita Federal  

A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) é um órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, responsável pela administração de tributos federais e o controle aduaneiro, atuando também no combate à sonegação, contrabando, pirataria e tráfico de drogas e animais. Dentre as principais funções do órgão, estão as de planejar, coordenar e avaliar as atividades de administração tributária federal, propor medidas de aperfeiçoamento e regulamentação tributária, dentre outras. No dia 27 de fevereiro é comemorado o Dia do Agente Fiscal da Receita Federal. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Eficiência na gestão fiscal: um estudo sobre a arrecadação de receitas próprias do município de Alagoinhas/BA entre 2001/2006

 

Sustentabilidade da política fiscal brasileira no período pós-real: 1995-2006

 

Estratégias para aperfeiçoar o processo de recuperação de receitas tributárias no estado da Bahia: um modelo para o ICMS baseado em redes neurais artificiais

 

Diferenciais de receita tributária per capita e oferta de serviços públicos em municípios da RMS

Dias, Fernado Pacheco Machado

 

Tributos finalísticos: uma leitura constitucional

 

 

Mágica

Também conhecida como ilusionismo, é uma arte performativa que tem como objetivo entreter o público por meio de truques. Quem executa esse tipo de espetáculo é um mágico ou ilusionista, que apresenta essa arte em teatros, circos, praças, dentre outros locais. A mágica, fundamentalmente, é baseada na habilidade das mãos do mágico em manipular objetos usados nos truques. É uma das mais antigas formas de entretenimento e começou a ganhar notável prestígio a partir do século XVIII. No RI/UFBA, você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:  

 

Um estudo das comédias mágicas o Chico e o diabo e os irmão jogadores, de Benjamim de Oliveira.

 

Duas palavras mágicas em cena: intrépida trupe

 

A renovação do circo e o circo social

 

Da rua ao picadeiro: Escola Picolino, arte e educação na performance do circo social

 

Direito à vida

É um conceito jurídico relacionado ao direito de continuar vivo − que não inclui o direito à própria morte. Na constituição brasileira, o homem tem direito à vida e não sobre a vida. É dever do Estado assegurar este direito ao cidadão, que não consiste apenas em manter-se vivo, mas viver dignamente quanto à subsistência (condições básicas de saúde, vacinas e hospitais públicos, por exemplo). Por garantir o direito à vida, morte provocada como a eutanásia e o aborto (exceto casos de estupro e risco de vida da mãe) são proibidas pelo Estado brasileiro. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Anencefalia e o direito à vida: reflexões sobre a ADPF nº. 54

 

Pensar o final e honrar a vida: direito à morte digna.

 

Participação de terceiro na morte de outrem: relevância do consentimento.

 

Aborto no Brasil: um enfoque demográfico

 

Pesquisa sobre o aborto no Brasil: avanços e desafios para o campo da saúde coletiva