N.132 | 10 de Março de 2015

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

 

O Professor Milton Júlio de Carvalho Filho (MJ) do Instituto de Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos- (IHAC) da UFBA, dialoga com o professor Edson Dalmonte (ED) Faculdade de Comunicação da UFBA

 

(MJ) Em primeiro lugar gostaria de saber qual a sua avaliação sobre o atual papel e contexto do webjornalismo no Brasil, principalmente no que diz respeito aos assuntos relativos à política.

 

(ED) Há que se considerar que o mercado da comunicação/informação tem passado por uma ampla transformação. A palavra “mercado” pode soar estranho, mas temos que localizar a atual revolução tecnológica no âmbito de um macro cenário econômico, no qual produtos consolidados (impressos, rádio e televisão) enfrentam constante e crescente diminuição de seus públicos. Como resultado, tem-se a maciça migração do segmento publicitário para o ambiente digital e o consequente desenvolvimento de novas rotinas de produção e consumo. Com o jornalismo não tem sido diferente. Uma das mais relevantes características dos produtos da comunicação no segmento digital é a entrada do outrora rotulado como “receptor” também como agente no processo comunicacional. Vemos a passagem de uma mídia estática para uma dinâmica, caracterizada por novos ambientes reativos consolidados pelas redes sociais, com a possibilidade de agregar comentários, criar fóruns de discussão, e estabelecimento de novos fluxos, por meio da recirculação, como via Facebook e Twitter. Desse modo, o jornalismo tem aproximado ainda mais a política da vida das pessoas. Basta considerar que materiais jornalísticos sobre política estão entre os principais elementos em circulação nas redes.

 

(MJ) A segunda pergunta diz respeito à relação entre ética e comunicação. Quais são atualmente, no Brasil, os principais aspectos para tangenciar uma ampla discussão sobre ética e meios de comunicação, haja vista o posicionamento de alguns veículos de comunicação durante as eleições para presidente?

 

(ED) Inegavelmente há que se promover uma ampla discussão acerca da regulação da mídia. Mas é necessário assegurar a irrestrita participação da sociedade, que precisa entender o papel da comunicação em uma sociedade livre e democrática. No caso brasileiro, depois da queda da Lei de Imprensa (o Supremo Tribunal Federal votou, em 30 de abril de 2009, pela extinção da Lei de Imprensa, de 1967. A principal justificativa para tal decisão estava pautada na alegação de que a lei era contrária à democracia e feria princípios constitucionais, pois havia sido implementada durante o regime militar), abre-se um debate sobre a necessidade de regulação, por um lado, e a completa liberdade, por outro. A liberdade absoluta assenta-se no pressuposto de que qualquer medida regulamentar seria um ato prévio de censura, respaldado nos Artigos 5 e 221 da Constituição, que trata das liberdades, com destaque para a liberdade de comunicação. Para os defensores dessa corrente, a Constituição de 1988 é suficiente para assegurar as garantias fundamentais, e os excessos ficam a cargo do próprio cidadão, que a qualquer momento pode interromper sua relação com um conteúdo ou meio de comunicação específico. A outra corrente aborda a questão a partir do mesmo ponto, contudo busca respaldo no Artigo 220, em cujo parágrafo terceiro, inciso segundo, está resguardado à lei federal o direito de “estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente”. O Artigo 221 é o tendão de Aquiles da mídia nacional, fortemente marcada pela concentração nas mãos de umas poucas famílias (contrariando o disposto no Art. 220, parágrafo 5º - “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”) e em contrariedade ao Artigo 221, parágrafos 1-4, que versa sobre a diversidade da produção e programação de emissoras de rádio e televisão, com ênfase em temas educativos e artísticos, promoção da cultura nacional e regional, com estímulo à produção independente, regionalização da produção cultural, artística e jornalística e respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Em suma, a regulação da mídia é um tema que sofre constantes campanhas negativas por parte da mídia tradicional (há que se considerar que os velhos conglomerados midiáticos se expandem para os ambientes digitais), sob alegação de que poderemos retornar ao modelo de censura prévia. Na verdade o ponto é outro: pretende-se chegar ao necessário sistema de responsabilização da mídia, no qual a qualquer momento empresas e/ou profissionais podem ser chamados a dar explicações sobre seus atos, ou seja, sistema de censura  posterior, segundo parâmetros de responsabilidade inerente ao processo de produção e circulação da informação. Diante disso, percebe-se que não dá pra falar de ética da comunicação como um fato isolado: boa comunicação ou comunicação que desconsidera valores socialmente aceitos e necessários. Precisamos avançar rumo a um sistema de responsabilização da mídia, com destaque para o papel crucial da comunicação numa sociedade livre, para que a liberdade seja um valor máximo e valha igualmente para todos.

 

(MJ) Por fim, gostaria de saber sobre os novos cenários comunicacionais. Quais os alcances e os limites em comparação com o tradicional, principalmente em termos de recepção?

 

(ED) A atual realidade midiática é marcada pelo contexto interativo, cujos textos (todos os produtos) circulam e são postos em recirculação em fluxos diversos, recebendo inclusive as marcas inerentes ao processo de consumo/apropriação. É interessante destacar que o material midiático ao entrar num processo de recirculação, ou espalhamento, contribui para a renovação da obra originalmente apresentada ao consumo. Esse novo fluxo participativo, decorrente de redes sociais, promove importantes modificações nas formas de acesso aos produtos. Podem ser destacados: a valorização da esfera do consumo para a promoção dos produtos midiáticos contemporâneos, e a emergência de produtos idealizados para formas de um consumo que pressupõe a ação, ou agenciamento, do consumidor sobre o produto. A reverberação, ou recirculação, dos produtos midiáticos via redes sociais pode seguir distintas lógicas, ou funções: apenas a recirculação, ou agregando novos sentidos - opinião, humor etc. Os diversos fluxos estabelecidos pelos usuários podem indicar os seguintes itinerários: 1) prolongamento da obra, ou do tempo de circulação, em detrimento do tradicional tempo de exibição pensado segundo a lógica de grades de programação; 2) reforço da obra: ação caracterizada pelo impacto da movimentação nas redes sociais na reconfiguração, ou fortalecimento, da audiência; e 3) desqualificação da obra: ação caracterizada por usos desviantes em relação ao que havia sido proposto pela instância de produção. Merece ser frisado que mesmo quando é estabelecido um fluxo com indicativos contrários ao teor originalmente proposto (com ironia etc.), mesmo assim esses elementos fazem parte de uma estrutura remissiva, podendo a qualquer momento reconduzir (ou conduzir) à obra original.

 

 

ACERVO

 

COSMOLOGIA

Ciência que pesquisa o nascimento, progresso e disposição estrutural do universo. Essa expressão vem do grego cosmo (mundo), e logos (estudo). A cosmologia trata de conceitos como a quantidade, espaço, movimento, tempo e natureza dos corpos. Surgiu como a parte da filosofia que estuda a estrutura, a evolução e composição do universo. Suas principais características são: substituição da explicação da origem e transformação da natureza através de mitos e divindades. Ptolomeu e Nicolau Copérnico foram os pioneiros da cosmologia, elaborando as primeiras teorias desse campo. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

Poesia e ciência: cosmologias em A máquina do mundo repensada, de Haroldo de Campos

Lima, Maria Lúcia Ribeiro

 

Observational constraints on late-time Λ(t) cosmology

Carneiro, S.

Dantas, M. A.

Pigozzo, C.

Alcaniz, J. S.

 

Testes observacionais em modelos cosmológicos com interação vácuo-matéria

Pigozzo, Cássio Bruno Magalhães

 

On the vacuum entropy and the cosmological constant

Carneiro, Saulo

 

 

ALGAS

São organismos fotossintetizantes. Vivem em águas ou ambientes com presença de muita umidade. Seus corpos é chamado de talo e não possuem raízes, caules e folhas. As algas apresentam uma grande diversidade de formas, estando a maior parte no mar. Constituem um grande e diversificado grupo de espécies autotróficas, ou seja, produzem a energia necessária ao seu metabolismo através da fotossíntese. As algas são responsáveis pela maior parte da produção nos ecossistemas aquáticos e são consideradas produtores primários da cadeia alimentar desse ecossistema. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

Efeitos da herbivoria e do contato direto na interação entre o coral maciço Siderastrea stellata e algas filamentosas

Ramos, Carla Alecrim Colaço

 

Reconstrução paleolimnológica do lago de Tota- Colômbia- Durante o Holoceno

Vargas, Angélica Yohana Cardozo

 

Diatomáceas (Bacillariophyceae) epilíticas como biomonitores da qualidade de água dos Rios Cumbuca, Mucugê e Piabinha (Chapada Diamantina-Ba)

Viana, João Claudio Cerqueira

 

Catálogo de algas marinhas bentónicas do estado da Bahia, Brasil

Nunes, Jose Marcos de Castro

 

Algas marinhas bentonicas do município de Ilhéus, Bahia, Brasil

Nunes, José Marcos de Castro

Santos, Ana Cristina Caribé dos

Minervino, Augusto

Brito, Keila Santana

 

 

COMPOSIÇÃO MUSICAL

Executada por um compositor, é uma peça original de música feita para repetidas execuções (em oposição à música de improvisação, em que cada performance é única). Composição musical pode também significar o processo pelo qual uma peça se origina e a disciplina acadêmica que estuda seus métodos e técnicas. A composição pode ser publicada na forma de partitura ou em algum outro método de notação, como a letra com cifras ou tablaturas. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Uma concepção musical para as “Impressões Sinfônicas” Festas das Igrejas, do compositor Francisco Mignone. O uso da Hermenêutica do ponto de vista da Regência.

Fonseca, Angelo Rafael Palma da

 

Aporia: um caminho para a composição musical intertextual

Escudeiro, Daniel Alexander de Souza

 

Da leitura de partituras musicais à transcrição/arranjo para conjuntos de câmara

Borusch, Denise Silvia

 

Teoria e prática do compor I: diálogos de invenção e ensino

Lima, Paulo Costa