N.134 | 24 de Março de 2015
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
O professor Waldomiro J. Silva Filho (WF) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) ,dialoga com o professor Milton Júlio de Carvalho Filho (MJ) professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos – IHAC da UFBA.
(WF) Você tem investigado a relação entre a experiência no espaço urbano e a criação de novas formas de solidariedade, sobretudo no sentido de ampliar o acesso a bens, serviços e direitos e de produção de políticas públicas. Com isso, imagino que você deva estar mergulhado tanto na revisão da literatura sobre o assunto quanto no denso cotidiano da nossa cidade. Eu queria saber se você é um homem otimista, se consegue enxergar algo nas práticas da nossa urbanidade que seja um sinal de ampliação da solidariedade. Pergunto isso, porque minha impressão pessoal é que as cidades estão morrendo, os espaços urbanos estão desaparecendo, se transformando numa simples paisagem (que olhamos, visitamos, passamos), mas com a qual não nos implicamos.
(MJ) Caro Professor, agradeço as suas questões. Assim como o colega, sou um pesquisador e, como tal, parto de dúvidas. Ao inaugurar as investigações que faço, procuro deixar de lado meus pessimismos ou otimismos. Desta vez, resolvi ampliar as compreensões já existentes sobre a cidade, pontuando a questão da solidariedade. A dúvida sobre o grau e sobre como são estabelecidas às iniciativas de mudanças com base em compromissos entre as pessoas, fazendo-as se obrigarem uma pelas outras, norteou essa investigação. Talvez essa dúvida já seja, em si, um indicativo de algum otimismo ou pessimismo sobre a questão pesquisada, mas não sei lhe dizer ao certo. Tentei compreender como se dá, em algumas partes da cidade de Salvador, interações que inauguram rupturas, no convívio entre tolerância e intolerância, entre inércia e participação, entre a manutenção de situações coletivamente desfavoráveis e as iniciativas coletivas de proposição de mudanças e/ou de efetiva mudança. Essa investigação foi realizada a partir dos referenciais da Antropologia Urbana. Até o momento verifiquei algumas efetivas ocorrências de estratégias emancipatórias e/ou de proposições de estratégias, pelos citadinos, em prol do melhor viver na cidade. Muitas vezes, essas estratégias e/ou proposições dos citadinos contrariavam a lógica das proposições e das ações governamentais e foram incorporadas por ela, em outras foram negadas. Com base em estudos etnográficos, tentei caracterizar as interações sociais promotoras de iniciativas coletivas, em prol do bem estar comum. O que posso dizer, até o momento, é que os resultados encontrados indicam que as cidades e seus espaços urbanos tem se tornado laboratórios criativos para ações coletivas de caráter solidário. A pesquisa está em andamento e ainda não estou seguro para lhe afirmar que sairei desse estudo otimista ou pessimista em relação a essa questão.
(WF) Não faz muito, você trabalhou na organização do livro"Prisões numa abordagem interdisciplinar" (EDUFBA,2012).Este inclusive, tem sido um tema recorrente na sua produção acadêmica. Falar de prisões, de sistema prisional, de certo modo, está ligado a pensar na violência e o modo como ela é compreendida, simbolizada, narrada. Como você compreende o fato de criarmos uma narrativa sobre nossa experiência coletiva que nos descreve como uma sociedade violenta, brutal? Não estou falando dos fatos, manchetes de jornal ou do noticiário, dos números da violência. Estou falando do texto que escolhemos para dizer o que somos e que quer revelar a nossa natureza...
(MJ) A violência estabelece, entre outras, duas narrativas sobre o que somos: a primeira é aquela em que ela nos constitui e assim, revela a nossa natureza. Nesse primeiro caso, a violência estabelece um imaginário sobre o que somos, capaz de alicerçar um determinado narcisismo, nocivo a manutenção de alguns vínculos sociais. A outra narrativa é aquela em que a violência nos torna vítimas, por produzir um sentimento de impotência e de inutilidade diante da realidade. De uma forma ou de outra, a violência aparece nas narrativas como resultado da dinâmica social, muito além de atos relativos a criminalidade ou a consideração de instintos ou herança biológica. Cabe a ampliação dessa reflexão sobre violência como resultado da dinâmica social, assistirmos os filmes “A Caça”, do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg, ou mesmo do filme Relatos Selvagens, do diretor argentino Damiàn Savarin. Nesses dois filmes, a extensão do termo violência se amplia em termos de tempos, espaços e culturas.
(WF) Um filósofo amigo meu, o Prof. Agustín Rayo (do MIT), gosta de fazer a seguinte pergunta às pessoas da sua convivência ou mesmo estranhos: “Qual o livro, entre os clássicos, você gostaria de ter escrito?” Essa me parece uma excelente pergunta. E não é apenas uma brincadeira. Isso é sério, sobretudo se somos instados a explicar as razões da nossa escolha. Por isso, eu te pergunto: Qual o livro, entre os que já foram escritos, você gostaria de ter escrito? Por que?
(MJ) Essa pergunta embora instigante parece, de certa maneira, inadequada, ainda que bastante comum. Em primeiro lugar, situar uma obra como aquela que eu gostaria de ter escrito, já me afasta dessa obra e me torna um admirador dela. A admiração, já coloca a obra admirada em lugar inalcançável, não é mesmo? Desse modo, vou reduzir a pergunta a qual a obra que admiro e a justificativa dessa admiração. Um livro que admiro é O Pensamento Selvagem de Claude Lévi- Strauss. Admiro esse livro por sua importância na contribuição de uma nova perspectiva dos sistemas classificatórios e por permitir perceber que ciência, mitologia, filosofia, religião e arte formam uma unidade do conhecimento sobre o homem.
ACERVO
ILHÉUS
Município brasileiro do estado da Bahia, fundado em 1534. É a cidade com o mais extenso litoral baiano. Possui aproximadamente 182.350 habitantes. Ilhéus é conhecida como a “cidade do cacau” e por ambientar os romances do escritor Jorge Amado. Sua economia baseia-se na agricultura, turismo e indústrias. A cidade possui um aeroporto e abriga um importante polo de informática do Estado, além de ser centro regional de serviços junto com Itabuna. Ilhéus é considerada o terceiro maior ponto turístico da Bahia. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Pólo de informática de Ilhéus: a nova face da indústria baiana?
Silva, Ana Cláudia Oliveira da
Os vermelhos nas terras do cacau: a presença comunista no sul da Bahia (1935-1936)
Concorrência e cooperação em arranjos produtivos locais: o caso do pólo de Informática de Ilhéus/BA
Devastação e conservação das florestas na Terra de Tinharé (1780-1801)
O cacau orgânico nos municípios de Ilhéus Una, Barro Preto e Uruçuca: o caso da Cooperativa Cabruca
CONCRETO
Mistura de cimento, areia, pedra e água. É o material mais utilizado na construção civil. Historicamente, os romanos foram os primeiros a usar uma versão desse material, conhecida por pozzolana, no entanto, o material só veio a ser desenvolvido e pesquisado no século XIX. A resistência e durabilidade do concreto dependem da proporção entre os materiais que o constituem. Seus tipos são: especiais, autodensável, leve, translúcido e colorido. Para obtenção de um bom concreto, devem ser efetuadas as operações básicas de produção do material, que influem nas propriedades do concreto endurecido. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Viabilidade financeira da reciclagem de RCC em usinas de concretos e fábricas de pré – moldados
Dosagem de concretos produzidos com agregado miúdo reciclado de resíduo de construção e demolição
Ensaio de migração de cloretos para concreto: influência do número de fatias extraídas
Medeiros, Marcelo Henrique Farias de
Souza, Hugo Henrique de Simone
LIPÍDIOS
Biomoléculas orgânicas compostas, principalmente por moléculas de hidrogênio, oxigênio e carbono. Possuem característica de serem insolúveis na água, porém são solúveis nos solventes orgânicos (álcool, éter, benzina). São encontrados em alimentos tanto de origem vegetal (milho, abacate) quanto animal (gema do ovo, carne). Um dos papéis dos lipídios nos animais e seres humanos é de funcionar como reserva energética, isolante térmico e fazer parte da constituição das membranas celulares. Podem ser classificados em quatros grupos: os glicerídeos, cerídeos, fosfolipídios e esteróides. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Uma imersão no tabuleiro da baiana: o acarajé
Pires, Ivy Scorzi Cazelli
Rosado, Gilberto Paixão
Costa, Neuza Maria Brunoro
Monteiro, Josefina Bressan Resende
Oliveira, Rosana Silva
Jaeger, Soraya Maria Palma Luz
Mourão, Denise Machado
Caracterização de carotenóides e lipídeos de microalgas in vivo utilizando espectroscopia Raman
Villamizar Gómez, Sonia Milena
Silva, Márcia Maria Cândido da
Rodrigues, Marcelo Teixeira
Rodrigues, Carla Aparecida Florentino
Branco, Renata Helena
Leão, Maria Ignez
Magalhães, Amélia Cristina Mendes de
Matos, Rogério da Silva
Substituição do óleo de peixe por óleo de soja em dietas para beijupirá (Rachycentron canadum)
Silva Júnior, R.F.
Nova, W.V.
Farias, J.L.
Bomfim, C.N. Costa
Tesser, M.B.
Druzian, J.I.
Correia, E.S.
Cavalli, R.O.