N.141| 12 de Maio de 2015

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

O professor Edward  MacRae (EM) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas  da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dialoga com o professor Raimundo Leão (RL) da Escola de Teatro da UFBA.

 

(EM) Fiquei feliz em ser convidado a dialogar com você através da EDUFBA. Além de velhos amigos, tive também o prazer e honra de participar de sua banca de exame de doutorado. Então vamos lá às três perguntas.

 

(EM) Há muito que tenho um interesse pelos desdobramentos da chamada “contracultura”, desenvolvida no decorrer da década de 1970 e da qual tenho boas lembranças, apesar dos rigores da ditadura militar/civil da época. Como você sabe, nessa época vivia em São Paulo e encontrei na contestação cultural paulistana uma maneira de dar vazão às minhas frustrações com o regime militar, a violência da repressão política, a censura e a caretice generalizada da sociedade, evidenciada, por exemplo, na ubiquidade dos slogans “Brasil, ame-o ou deixe-o” e “ Prá frente Brasil”. Em reação a essa situação, desenvolveu-se uma série de indivíduos ou grupos com ideias e comportamentos que, na impossibilidade de qualquer organização política, mesmo assim eram capazes de colocar em questão os princípios conservadores do regime, através de novas abordagens no campo das artes, da vida comunitária e das performances de gênero, muitas vezes recorrendo ao uso de substâncias psicoativas ou outras técnicas de alteração da consciência. A partir de suas reflexões sobre a cena teatral soteropolitana da época, como você vê esse processo ocorrendo aqui?

 

(RL) - Guardadas as devidas diferenças entre o contexto baiano e o paulista pode-se identificar aspecto similares com relação ao momento histórico de marcantes contrastes. Se por um lado vivia-se em plena ditadura civil-militar, por outro absorvia-se os influxos da contracultura nos variados aspectos, na sua vertente contestadora ao estabelecido. O questionamento ao sistema, como um todo, manifestava-se pelas formas heterodoxas de contestação, criando um ambiente em que o poético e o político se encontravam para "derrubar as prateleiras, as vidraças, livros, sim". Buscava-se reinventar uma nova ordem político-social, familiar, religiosa, de gênero, voltando-se para a natureza como forma de preservá-la.

Tal rebeldia causava atritos com as instituições públicas e privadas, como também com segmentos da esquerda ortodoxa. Neste período de efervescência, em que o poder da flor e do amor permeavam as  relações, Salvador tornou-se uma referência para a juventude que se deslocou de várias regiões do país para viver uma utopia que sentava bases no movimento  beat generation, na festividade hippie, na revolta de Maio de 68 na França e no  orientalismo. Ainda que o clima repressivo fosse visível, uma euforia antropofágica e desbundada somava-se ao movimento radical guerrilheiro. E pelas frestas inoculava-se o desejo de uma nova (des)ordem. Viver à margem era um lema.

Os artistas soteropolitanos, nem todos, deixam-se contaminar pelo ideário e expressam sua revolta questionando os valores estabelecidos como regras, para dar outros significados aos seus trabalhos teatrais, plásticos, musicais, coreográficos. Instaura-se um processo de desconstrução dos parâmetros vigentes para da lugar a uma arte que espelhasse os eflúvios catalisadores e questionadores da contracultura. O teatro absorve as ideias de Antonin Artaud, de Jerzy Grotowiski e de Peter Brook, sem deixar de repensar as teorias e práticas brechtianas. O ritual ocupa a cena, a palavra deixa de ser o centro da encenação, o corpo passa a significar, cria-se assim um movimento renovador na cena teatral soteropolitana, opondo-se à cultura concebida como uma entidade intocável. Se os hábitos cotidianos são postos em xeque, a tradição teatral é questionada; rompem-se as fronteiras entre o erudito e o popular, assim como entre vida e arte. Inaugura-se a festa como forma de contestação, investe-se num projeto de vida revolucionariamente individual, expande-se a consciência com o uso de substâncias psicoativas e elas passam a fazer parte dos processos criativos, assim como as práticas de meditação, ioga e relaxamento.

Os tempo são outros, as atitudes também. Mas diluídas, conformadas, ou não, as ideias contraculturais manifestam-se sob outro viés, mas sempre demarcadas pela inquietação. Inquietação motivada pela não conformação ao conhecido, ao aceito como regra. É certo que muitos desafios do passado recente estão incorporados, mas diante do conservadorismo que nos atinge, há sempre um sopro de rebeldia permeando o cotidiano. Os artistas baianos captam o espírito do tempo expressando-o em seus trabalhos.

 

(EM) Pensando ainda no teatro baiano da década de 1970 e comparando a sua importância e influência cultural e política de então com a situação vivida hoje, como você avalia a situação atual?

 

(RL) Embora centre minha fala na contracultura dos anos 70, tenho por compreensão que o movimento não se restringe a esse tempo. Tanto no passado, quanto agora ações contraculturais são vividas como reação ao estabelecido. Ainda que o Sistema tenha controlado as manifestações contraculturais, capturando-as, os "ratos escapolem dos museus". Configuram-se aí um problema, implicando desdobramentos a ser pensados em outros espaços. O certo é que muito da rebeldia dos jovens e dos artistas soteropolitanos tenha sido esquecida, ela ainda se manifesta com outro colorido. Considerando-se as exceções, o pessoal de teatro, notadamente os mais jovens, buscam novas maneiras de comunicação na cena. Grupos investem na pesquisa, buscam espaços alternativos para realização dos seus projetos, experimentam os recursos da linguagem pondo em questão as práticas já consagradas. Ainda assim não conseguem, a meu ver, apropria-se de um legado e da experiência dos que abriram caminhos para os que chegam no tempo de agora.

 

(EM) Você é professor da Escola de Teatro da UFBA. Como vê as perspectivas dos alunos sendo formados no momento, em termos profissionais num momento em que as salas de teatro estão sendo fechadas em Salvador? Existem outros espaços, além do teatro profissional, onde esses recém formados têm possibilidades de desenvolver atividades relacionadas à sua arte?

 

(RL) Esta pergunta é bastante complexa, mas vamos lá. Os espaços para os egressos da Escola de Teatro ainda que tenham se ampliado, comparando-se com os da década de 70, são restritos, não absorvendo uma demanda que vem crescendo a cada ano com o ingresso de estudantes na instituição. Esta situação, aparentemente desfavorável, leva os atores/atrizes formados a buscar alternativas foram do sistema, organizando grupos com propostas bem definidas, muita delas nascidas no interior da Escola. Uma boa parte pensa em encontrar espaço na televisão, dirigindo-se ao eixo Rio-São Paulo, ainda que muitos mantenha residência em Salvador. O mercado publicitário absorve um número restrito de profissionais. Este quadro real, mas não sombrio, força o egresso a movimentar-se, sendo que muitos se mantém em atividades paralelas, muitas delas não impedidoras do fazer teatral. Para os licenciandos em teatro, as oportunidades estão nos espaços educativos formais e não formais.

 

 

ACERVO

 

GLICEMIA

Concentração de açúcar no sangue. Esse resultado está relacionado à insulina produzida pelo pâncreas e à quantidade de carboidratos ingeridos ao longo do dia. O excesso de glicose no sangue é a chamada hiperglicemia, ou seja, o corpo não produz insulina suficiente para que a glicose entre nas células, e quando há baixo consumo de carboidratos em relação à insulina circulante, provoca a hipoglicemia. Para manter a taxa ideal de glicose no organismo, é preciso equilibrar a quantidade de carboidratos ingeridos em relação à insulina que o pâncreas produz. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais: 

Avaliação dietética de amidos pelas respostas glicêmica e insulinêmica em cães

Silveira, G.B.

Paule, B.P.

Socorro, E.P.

 

Perfil Glicêmico e Lipídios Pré e Pós Cirurgia Bariátrica

Pereira, Jameson Soares

 

Influência dos fatores socioeconômicos e afetivo-emocionais no controle glicêmico de crianças com diabetes mellitus tipo 1

Andrade, Carlos Jefferson do Nascimento

 

Efeitos da atividade física leve na glicemia e pressão arterial de mulheres diabéticas acompanhadas num centro de saúde em Jequié, Bahia

Silva, Cácio Costa da

Alves, Crésio de Aragão Dantas

 

Valores glicêmicos oferecidos pelo glicosímetro portátil, utilizando sangue de diferentes vias de coleta: estudo de validade

Argollo, Ana Paula Bello

Faustino, Tássia Nery

Faustino, Thiallan Nery

Pedreira, Larissa Chaves

 

DRAMA

Forma narrativa em que se figura ou imita a ação direta dos indivíduos com texto em verso ou prosa, escrito para ser encenado. Originou-se na Grécia Antiga, significando ação, e está relacionada à representação teatral na Poética de Aristóteles. O termo “drama” também é encontrado nos cinema, televisão e rádio, no sentido de um texto ficcional, peça teatral ou filme de caráter sério, não cômico, que apresenta um desenvolvimento de fatos compatíveis com os da vida real. Dentre as várias formas de expressões dramáticas, destacam-se a tragédia, a comédia, a farsa, o auto , dentre outros. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

Aproximações entre a obra de Christian Boltanski e o estímulo composto no drama

Mendonça, Celida

 

A crise do drama entre nós: uma reflexão sobre dramaturgias contemporâneas encenadas em Salvador

Sanches, João Alberto Lima

 

Drama decrouxiano: uma forma dramática para uma escritura mímica

Silva, Débora Conceição Moreira da

 

Jogando com o drama: análise das possibilidades dramatúrgicas em vídeo games diante do desenvolvimento tecnológico dos consoles

Cayres, Victor de Morais

 

Kali, a senhora da dança - uma construção dramatúrgica a partir dos elementos do Yoga

Souza, Adelice dos Santos

 

PÓS-MODERNISMO

Período caracterizado por profundas modificações desenroladas nas esferas artística, científica e social, acontecendo desde o fim do Modernismo, em meados dos anos 50, até os dias atuais. Com uma grande mistura de tendências e estilos, o movimento pós-modernista está diretamente ligado à globalização, sendo marcado pela disseminação dos meios de comunicação e da informática, inserindo várias culturas em um único mecanismo. É um processo ainda em desenvolvimento, que cultua a individualização e, ao mesmo tempo, a liberdade de expressão, além da tecnologia e do apelo consumista que seduz o homem pós-moderno. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais: 

 

Efeito reflexo constitucional: Estudo de caso sobre a racionalidade e o sistema jurídico na pós-modernidade 

Amando Junior, José

 

Paradoxo da pós-modernidade na dança: reflexões sobre o corpo e o espaço-tempo no produto coreográfico 

Misi, Mirella

 

Epistemologias e teorias do conhecimento em educação e educação física: reações aos pós-modernismos 

Taffarel, Celi Nelza Zulke
Albuquerque, Joelma de Oliveira

 

O CINEMA NACIONAL CONTEMPORÂNEO: A Produção de Fernando Meirelles Sob a Perspectiva do Pós-Moderno 

Kalindra, Vanessa

 

Consumo, Narcisismo e identidades contemporâneas. Uma análise psicossocial

Gondim, Sônia Maria Guedes