N.152 | 4 de agosto de 2015

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

Em virtude das dificuldades de "diálogo" nesse período de paralisação das atividades na UFBA, faremos uma retrospectiva dos primeiros DIÁLOGOS

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

O professor  Ronaldo Lopes Oliveira (RO),da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dialoga com o professor Edward MacRae (EM) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.

 

(RO) - Prof. Edward, sua tese de doutorado, construída na primeira metade da década de 1980, trata de um tema instigante, especialmente pela de transição política que o país passava, associada ao surgimento do HIV no mundo, tendo os homossexuais como “grupo-vítima preferencial”. Como foi pesquisar esse assunto naquele contexto e o que mudou para os dias de hoje?

 

 

(EM) - No final da década de 1970, quando iniciei minha pesquisa sobre o incipiente movimento gay de São Paulo, ainda fazendo um curso de mestrado em antropologia na Unicamp, tive como orientador Peter Fry, na época uma das poucas referências nas ciências sociais brasileiras para o tema “homossexualidade”. Além de dois artigos seus sobre a construção social da homossexualidade e sobre a homossexualidade e os cultos afro-brasileiros, era difícil encontrar material bibliográfico brasileiro discutindo o tema. Além da estigmatização pessoal em que se incorria por demonstrar interesse pelo tema devia-se enfrentar aqueles que declaravam ser esse assunto secundário e pouco relevante. Quando eu dizia que ia estudar o movimento gay, professores e colegas frequentemente diziam que seria mais relevante estudar o sindicalismo ou outros assuntos que fossem mais politicamente relevantes e envolvessem mais gente. Lembro que na época o próprio tema “movimentos sociais” era algo bastante novo. Mas, graças ao prestígio de Peter Fry e de outros pesquisadores e professores da UNICAMP, como Marisa Correa, por exemplo, senti-me respaldado para continuar minha pesquisa. Mais adiante, passei para a USP, onde acabei apresentando minha pesquisa como tese de doutorado em antropologia. Até meados da década de 1980, a AIDS ainda não se apresentava como grande ameaça no Brasil, e continuei tendo que justificar a relevância de minha pesquisa. Contava agora como o apoio de minha nova orientadora, Eunice Durham. Uma vez que a AIDS se manifestou entre nós, o assunto começou a receber mais destaque, já que os homossexuais eram um dos grupos mais atingidos pela doença, e as políticas de prevenção precisavam do apoio dos membros da comunidade gay para difundirem as orientações de prevenção. Eles também se engajaram em ONGs voltadas para o atendimento das necessidades dos doentes de AIDS, fossem eles gays ou não. Nessa época, tive a oportunidade de participar da fundação do Grupo de Apoio e Prevenção à Aids-GAPA/SP.A partir de então, o tema ganhou mais respeitabilidade e surgiram novas fontes de financiamento, oriundas geralmente dos empréstimos feitos pelo Banco Mundial. Hoje o tema agora conhecido como “diversidade sexual” já ganhou respeitabilidade acadêmica e política, causando menos estranheza e rejeição, embora grupos conservadores de natureza eminentemente religiosa continuem a obstaculizar iniciativas parlamentares que visam a maior inclusão da população LGBT.

 

 

(RO) - Ao analisar o seu itinerário profissional fica evidente sua preocupação com problemas sociais que afetam profundamente nossa sociedade, principalmente nossos jovens, como é o caso das DST e o uso/abuso das drogas (lícitas ou ilícitas). Também levando em conta sua vasta experiência internacional, que direção você acha que nosso país deve tomar para enfrentar a questão da dependência química e da violência associada ao mundo das drogas, de maneira mais racional e assertiva?

 

 

(EM) - Acredito que uma das mais importantes medidas que se possa tomar para enfrentar os problemas de violência e de segurança pública em geral seja a reformulação das políticas proibicionistas sobre drogas do Brasil. Em lugar de priorizar a abstinência total e a perseguição de usuários, produtores e comerciantes de uma série de substâncias declaradas ilícitas, cujo uso é procurado por significativos setores da população, enquanto se promove o uso de outras, de igual potencial para causar danos à saúde, como o álcool ou o tabaco, faríamos melhor em dar mais ênfase à educação para a saúde e às políticas de redução de danos. Em casos como esse, os controles sociais informais, profundamente arraigados na cultura e exercidos muitas vezes por pares, são mais eficazes que os formais, de atuação mais pontual. A atual “guerra às drogas” já dura muitas décadas e não tem resolvido nem de longe a questão. Fica-se com a sensação de que se procura “enxugar gelo”, sem atingir nenhum dos resultados propostos. Vivemos atualmente numa situação de “liberou geral”, em que qualquer jovem, por exemplo, pode facilmente ter acesso a uma vasta gama de substâncias ilícitas, sem nenhum controle de qualidade ou de preço. O mercado paralelo de drogas ilícitas é uma das maiores atividades econômicas do planeta e a riqueza clandestina que gera é capaz de corromper as estruturas policiais, jurídicas e políticas até de democracias consolidadas primeiro mundistas como os Estados Unidos e a Itália, por exemplo. Um dos seus piores resultados entre nós tem sido o inchaço da população carcerária e suas repercussões sociais, com destaque para uma verdadeira guerra genocida travada contra a população negra, cujos jovens são suas vítimas preferenciais. Sempre é bom lembrar que o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, onde rapazes negros aparecem de forma absurdamente desproporcional. Grande parte deles é acusada de delitos relacionados ao uso e tráfico de drogas. Outra mudança que deve ser feita na maneira como se enfrenta a questão das drogas é de se retirar o protagonismo atribuído às substâncias, para procurar enfocar o problema de forma mais ampla levando em conta fatores de natureza psicológica, social e cultural. Afinal, hoje, os estudiosos da questão enfatizam que somente a partir de uma abordagem mais geral é que se pode resolver de maneira eficiente os problemas sociais e pessoais relacionados ao uso de substâncias psicoativas. A exigência de abstinência é deixada em segundo plano, e usuários na “ativa” não devem ser excluídos dos programas públicos. Um exemplo interessante dessa nova abordagem está sendo pesquisado por um doutorando sob minha orientação que estuda o programa desenvolvido pelo Município de São Paulo em relação à sua “cracolandia” e conhecido como “Braços Abertos”. Lá entende-se que, antes de esperar uma mudança na relação do sujeito com as drogas que consome, deve-se reforçar a sua estrutura de vida, proporcionado- lhe uma moradia decente, embora simples, e um emprego. É claramente inviável exigir que um morador de rua usuário de crack, por exemplo, abandone suas práticas mais danosas, antes mesmo de receber algum tipo de tratamento e de auxílio com os problemas de natureza social ou sanitária para os quais o uso abusivo de psicoativos pode se configurar como uma forma de automedicação, para amortecer seu sofrimento perante a vida em geral.

 

 

(RO) Dentre os prêmios com os quais você foi agraciado, chama atenção aquele em que você figura como um dos “100 nomes que fizeram a história da luta contra a AIDS no Brasil, Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS”. Por favor, fale-nos um pouco mais sobre esta premiação e a trajetória de seu trabalho que culminou em tal reconhecimento.

 

(EM) - Esse prêmio, oferecido pelo GAPA/SP, me deixou muito lisonjeado, embora eu reconheça que seja um pouco arbitrário escolher “cem nomes” para premiar. E os outros? A luta de enfrentamento ao HIV congregou milhares de pessoas que dedicaram a ela grande parte de suas vidas dentro e fora do escopo puramente profissional. Todos eles mereceriam algum tipo de atenção. Dito isso, acredito que meu nome recebeu destaque devido a minha militância inicial, buscando evitar que a pandemia de AIDS levasse a um retrocesso nas conquistas políticas da população gay. Posteriormente, dediquei-me à defesa e divulgação de medidas de redução de danos, e não estritamente repressivas em relação à população usuária de drogas injetáveis, que inicialmente se revelou um importante foco de disseminação do HIV para a população em geral. Durante esse tempo, tive ainda a oportunidade de defender a dignidade de homossexuais, usuários de drogas e pessoas vivendo com AIDS. Foi uma situação trágica, em que perdi inúmeros amigos e até um irmão, mas fiquei satisfeito de poder usar minhas habilidades acadêmicas e um certo prestígio que elas me proporcionaram nos meus esforços para lutar por uma sociedade menos preconceituosa e mais justa.

 

ACERVO

Células-tronco

As células-tronco são células primitivas produzidas durante o desenvolvimento do organismo humano e diferem de outras células por possuírem grande capacidade de transformação celular, podendo dar origem a diferentes tecidos no organismo. Essas células são de importante relevância para o campo da Saúde, sendo assim estudo de pesquisas que podem contribuir para a descoberta de tratamentos de várias doenças consideradas incuravéis. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

Células-tronco em odontologia

Soares, Ana Prates
Knop, Luégya Amorim Henriques
Jesus, Alan Araujo de
Araújo, Telma Martins de

 

 

Avanços e aplicações da bioengenharia tecidual

Oliveira, Conceição Silva
Nascimento, Marion
Almeida Junior, Erasmo Cerqueira de
Crusoé, Mady
Bahia, Poliana
Rosa, Fabiana Paim

 

 

Células-tronco: uma breve revisão

Souza, Verônica Ferreira de
Lima, Leonardo Muniz Carvalho
Reis, Sílvia Regina de Almeida
Ramalho, Luciana Maria Pedreira
Santos, Jean Nunes dos

 

 

Estratégias de bioengenharia tecidual na reconstrução óssea

Costa, Rhyna C. C.
Miguel, Fúlvio B.
Rosa, Fabiana Paim

 

 

Estratégias de regeneração em anfíbios urodelos

Santos, Andréia Carvalho dos
Athanazio, Daniel Abensur

 

Universidade

Instituição pluridisciplinar de formação dos quadros de profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano. Provê educação tanto terciária (graduação) quanto quaternária (pós-graduação). Dotada de autonomia para criar cursos sem autorização do Ministério da Educação (MEC), possui as modalidades de ensino: presencial, semipresencial e à distância (EAD). A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), órgão do MEC, é a unidade responsável por garantir que a legislação educacional seja cumprida para garantir a qualidade dos cursos superiores do país. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Trabalho docente nas universidades federais: tensões e contradições

Lemos, Denise

 

 

Uma experiência de mudança da gestão universitária: o percurso ambivalente entre proposições e realizações

Sampaio, Rosely Moraes
Laniado, Ruthy Nadia

 

 

Professores universitários em rede: um jeito hacker de ser

Pretto, Nelson De Luca

 

 

A disseminação da produção científica da Universidade Federal da Bahia através da implantação do seu repositório institucional: uma política de acesso aberto

Rosa, Flávia

 

 

A construção da universidade baiana: origens, missões e afrodescendência

Boaventura, Edivaldo M.

 

Cádmio

É um metal que, apesar de ser um elemento químico essencial, produz efeitos tóxicos nos organismos vivos, mesmo em concentrações muito pequenas. Normalmente é encontrado em minas de zinco, sendo empregado principalmente na fabricação de pilhas. A exposição ao cádmio nos humanos ocorre geralmente por via oral, através da água e ingestão de alimentos contaminados, e por inalação. Os fumantes são os mais expostos, pois os cigarros contêm esse elemento. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

 

Field sampling system for determination of cadmium and nickel in fresh water by flame atomic absorption spectrometry.

Santos, Walter N. L. dos
Santos, Carla M. dos
Ferreira, Sérgio L. C.

 

 

Efeitos de metais pesados sobre o controle central do equilíbrio hidroeletrolítico

Silva, Emílio de Castro
Fregoneze, Josmara

 

 

Intoxicação por chumbo e cádmio em trabalhadores de oficinas para reforma de baterias em Salvador, Brasil

Carvalho, Fernando Martins
Silvany-Neto, Annibal Muniz
Lima, Maria Engrácia Chaves
Tavares, Tania Mascarenhas
Alt, Friedrich

 

 

Desenvolvimento de método analítico para a determinação de cádmio em vinho e estudo preliminar de especiação de cádmio, ferro, manganês, zinco e cobre em vinho.

Jesus, Robson Mota de

 

 

Chumbo e cádmio detectados em alimentos vegetais e gramíneas no município de Santo Amaro-Bahia

Muñoz Magna, Gustavo Alonso
Machado, Sandro Lemos
Portella, Roberto Bagattini
Carvalho, Miriam de Fátima