N. 162 | 13 de Outubro de 2015

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

Em virtude das dificuldades de "diálogo" nesse período de paralisação das atividades na UFBA, faremos uma retrospectiva dos primeiros DIÁLOGOS

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

 

Em busca do diálogo entre as Ciências

A professora Sonia Sampaio (SS) do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da Universidade Federal da Bahia (UFBA)  dialoga com a professora Vanessa Hatje (VH) do  Instituto de Química  da  UFBA.

 

SS - Fiquei curiosa em saber como o mar chegou a você. Ou será que foi você que chegou aos oceanos?

VH - O mar durante minha infância representava férias, liberdade e descobertas. Com o passar do tempo, fui me interessando cada vez mais pelos oceanos, seus habitantes e seus processos. Muito deste interesse foi despertado por atividades de mergulho autônomo que praticava no litoral norte de São Paulo. Por intermédio de um colega mergulhador, conheci o Prof. Rolf Roland Weber, um dos químicos pioneiros a trabalhar com oceanografia química no Brasil. Foi Rolf quem me mostrou que o oceano poderia desempenhar na minha vida um papel não apenas de lazer, como também poderia ser o objeto de estudo de uma vida toda. Rolf abriu as portas de seus laboratórios, mostrou vários equipamentos para coleta e análise de água e sedimentos e relatou com muito entusiasmo as diversas expedições oceanográficas que ele havia participado. Depois deste encontro, estava certa que trabalhar com o oceano e seus ambientes seria o caminho natural a seguir. Curiosamente, cerca de 15 anos depois de ter conhecido o Rolf, tive o prazer de ter a sua presença na banca do concurso que realizei para professor Adjunto na área oceanografia química aqui na UFBA, em 2006

SS - Como vc vê a abordagem interdisciplinar na pesquisa em seu campo?

VH - A oceanografia, por natureza é uma ciência multidisciplinar, sendo que desconsiderar este aspecto não é saudável ou produtivo para as ciências marinhas. Pensemos, por exemplo, no papel da produção primária nos oceanos, a qual representa aproximadamente metade de toda a fixação de C do planeta terra e desempenha um papel importante no controle do clima presente e futuro. A compreensão deste processo necessita de um entendimento da a) biologia/ecologia dos organismos fotossintetizantes – organismos fitoplanctônicos; b) química da água do mar - disponibilidade e tipo de macro e micronutrientes presentes na água do mar; e c) condições de luz, temperatura e aporte de nutrientes, controlados por processos físicos. Assim, uma expedição oceanográfica que objetive quantificar e entender os processos que controlam a produção primária nos oceanos e os ciclos biogeoquímicos associados, necessariamente será composta por oceanógrafos que trabalhem com física, química e biologia. Os resultados obtidos, em cada área específica da oceanografia, levam a interpretações e contextos muito diferenciados e complexos, geralmente mais reais, quando o cenário multidisciplinar é construído. Frequentemente, os estudos disciplinares nos oceanos são as bases de formação de hipóteses e de paradigmas de cada área específica, que só conseguem ser testados por meio de estudos multidisciplinares.

O campo da oceanografia, por vários aspectos, foi pioneiro em estudos multidisciplinares de larga escala, por outro lado se depara com um grande problema, especialmente no Brasil, que é o financiamento deste tipo de estudo. Os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia vieram a mitigar parte deste problema, mas ainda temos um longo caminho a percorrer...

Acredito que os oceanógrafos podem se orgulhar do grau em que os temas multidisciplinares são tratados na sua profissão. A oceanografia certamente é um exemplo de como a pesquisa multidisciplinar pode ser realizada. Cabe lembrar, que sempre haverá espaço para o fortalecimento das interações entre as principais áreas das ciências marinhas.

SS - Eu me interesso pelo tema Universidade e Sociedade. O que um professor universitário, que estuda questões relativas a esse ambiente, ainda tão desconhecido e tão frágil, pode fazer para estimular uma postura cidadã frente à necessidade de sua preservação?

 

VH - São muitos os caminhos que podem ser utilizados para fazer a conexão entre o conhecimento científico gerado em nossos laboratórios, que podem fomentar ações mais conscientes frente ao uso dos recursos naturais, e a sociedade, vou exemplificar um deles. O Projeto Baía de Todos os Santos (BTS) pode ser definido como uma ação acadêmica concertada, de longo prazo (30 anos), de caráter multidisciplinar, que prevê a sistematização, produção e disseminação de informações científicas e tecnológicas e a formação de pessoal, a partir de pesquisas e intervenções na BTS. Iniciado no final de 2008, o Projeto tem recebido apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e dos INCTs de Energia e Ambiente e Ambientes Marinhos Tropicais (CNPq). Neste projeto realizamos uma série de ações estratégicas para promover a integração dos grupos de pesquisa com as comunidades locais que dependem dos recursos naturais da Baía de Todos os Santos e, portanto, tem uma forte relação com os diversos ambientes da Baía.

A Coleção Cartilhas se insere neste contexto. Oito livretos foram escritos para favorecer a divulgação de conhecimento científico em temas importantes, de maneira simples e direta, tendo como público alvo professores e alunos de educação básica de comunidades do entorno da BTS. Um dos temas abordados foi o uso, preservação e escassez da água, que hoje se constitui em uma das maiores preocupações não apenas dos pesquisadores e gestores, como de toda sociedade. Acredito que esta coleção de cartilhas, tanto nas escolas, como durante trabalhos de campo quando interagimos com as comunidades locais, seja uma ferramenta útil para a discussão sobre as formas diferentes de conservação e preservação deste bem tão valioso que é o ambiente. Estamos no momento finalizando a segunda coleção de cartilhas, a qual dará continuidade à primeira coleção e abordará diversos aspectos associados ao uso sustentável dos ecossistemas da Baía de Todos os Santos.

 

ACERVO

 

Recôncavo baiano

Região geográfica localizada em torno da Baía de Todos os Santos, abrangendo não só o litoral, como toda a região do interior circundante à Baía. A região é considerada muito rica em petróleo. Na agricultura, a cana-de-açúcar, mandioca e algumas culturas de frutas tropicais são propícias ao plantio. A região foi o “berço” do samba brasileiro, tendo sido o lugar onde, por volta de 1860, teriam surgido as primeiras manifestações do samba de roda. Salvador, Cachoeira, Madre de Deus, Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas são algumas das cidades que compõem o Recôncavo Baiano. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

O espaço de rezar: a religião doméstica na casa rural do recôncavo Baiano - Séculos XVI a XIX

Santos, Manoel Humberto Silva

 

Viola nos sambas do recôncavo baiano

Lima, Cassio Leonardo Nobre de Souza

 

As alternativas turísticas na região do Recôncavo baiano no final da década de noventa

Maciel, Danilo Alain Simões

 

Material particulado inorgânico atmosférico total e fracionado por tamanho em áreas de influência industrial no Recôncavo Baiano

Miranda, Jacquelina Peixoto

 

Ser baiano na medida do recôncavo: o jornalismo regional como elemento formador de identidade

Bahia, José Péricles Diniz

 

Matemática

Ciência do raciocínio lógico e abstrato que estuda quantidades, medidas, espaços, estruturas, variações e estatísticas. Um trabalho matemático consiste em procurar por padrões, formular conjecturas e, por meio de deduções rigorosas a partir de axiomas e definições, estabelecer novos resultados. A matemática desenvolveu-se principalmente na Mesopotâmia, no Egito, na Grécia, na Índia e no Oriente Médio. É utilizada como ferramentas em muitas áreas do conhecimento, tais como Engenharia, Física, Química. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

A estrutura da filosofia prática de Descartes

Ramos, José Portugal dos Santos

 

Arte & Matemática

Nascimento, Marcio

Barco, Luiz

 

A produção de discussões reflexivas em um ambiente de modelagem matemática

Santos, Marluce Alves dos

 

Ensino de Matemática: iniciativas inovadoras no Centro de Ensino de Ciências da Bahia (1965-1969)

Freire, Inês Angélica Andrade

 

A razão e o tempo: trilhas da matemática na teia da história

Tenório, Robinson Moreira

 

Mata Atlântica

Bioma de floresta tropical que está presente em grande parte da região litorânea brasileira. Abrange a costa leste, Sudeste e Sul do Brasil, Leste do Paraguai e a província de Misiones, na Argentina É considerada uma das mais importantes florestas tropicais do mundo, apresentando uma rica biodiversidade. A Mata Atlântica é um grande centro de endemismo e suas formações vegetais são extremamente heterogêneas, indo desde campos abertos em regiões montanhosas até florestas chuvosas perenes nas terras baixas do litoral. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Dinâmica de uso de fontes de pólen por Melipona scutellaris Latreille (Hymenoptera: Apidae): uma análise comparativa com Apis mellifera L. (Hymenoptera: Apidae), no Domínio Tropical Atlântico

Ramalho, Mauro
Silva, Marília D. e
Carvalho, Carlos A.L.

 

Efeitos da heterogeneidade do ambiente, área e variáveis ambientais sobre anfíbios anuros em paisagem fragmentada de Floresta Atlântica

Herrera, Jocilene Brandão

 

Musgos pleurocárpicos dos fragmentos de Mata Atlântica da Reserva Ecológica da Michelin, município de Igrapiúna, BA, Brasil. II - Hypnales (Bryophyta: Bryopsida)

Vilas Bôas-Bastos, Silvana B.
Bastos, Cid José Passos

 

ARANHAS TECEDEIRAS COMO INDICADORES ECOLÓGICOS EM FLORESTAS TROPICAIS: UMA ANÁLISE EM MATA ATLÂNTICA

Leite, Clarissa Machado Pinto

 

Mata Atlântica e Biodiversidade

Franke, Carlos Roberto
Rocha, Pedro Luís Bernardo da
Klein, Wilfried
Gomes, Sergio Luiz