N.109 | 9 de Setembro de 2014
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
A professora Monica de Aguiar Mac-Allister da Silva (MA) da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dialoga com o professor Leandro Colling (LC) do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos – IHAC/UFBA.
(MA) Os movimentos queer e das vadias parecem responder mais adequadamente à diversidade dos que os movimentos LGBT, gay e feminista, e se distanciarem também e até mais da identidade heterossexual e machista. Faz sentido essa distinção? Em que o movimento queer se distingue de outros movimentos que se opõem à heteronormatividade homofóbica.
(LC) Sim, eu penso que essa distinção faz todo sentido. Atualmente, estou escrevendo o livro de minha pesquisa de pós-doutorado que trata exatamente desta questão. Depois de quase um ano fazendo minha pesquisa de campo em Portugal, Espanha, Argentina, Equador e Chile, países nos quais entrevistei cerca de 50 ativistas de coletivos queer e do movimento LGBT mais institucionalizado, é possível perceber de forma muito mais nítida as grandes diferenças entre essas duas formas de ativismo.
O meu livro vai tratar dessas diferenças de uma forma sistemática e aprofundada, mas antecipo aqui que algumas das grandes diferenças são: o ativismo queer, ao contrário da maioria do movimento LGBT mainstream, é mais ligado com novas perspectivas feministas queer que dialogam muito bem com as marchas das vadias. Esses coletivos queer defendem a regulamentação da prostituição, defendem, praticam e disseminam práticas sexuais tidas como “radicais”, a exemplo das ligadas ao sadomasoquismo, defendem novas configurações afetivo-sexuais para além de duas pessoas, produzem filmes de pós-pornografia, questionam a pretensa naturalidade da heterossexualidade, tratam sobre a incidência de heteronormatividade sobre as pessoas heterossexuais e também sobre as pessoas LGBT, possuem formas organizativas mais horizontais e rejeitam verbas públicas ou de partidos porque entendem que isso os tornam mais independentes. Realizam ações diversas, em especial performances públicas, livros, filmes, documentários, que focam muito mais no combate à homo-lesbo-transfobia no plano da cultura e não tanto no plano legal e institucional.
Essas são apenas algumas das diferenças que eu também pretendo pesquisar no Brasil e penso que uma das manifestações do queer em nosso país ocorre pelas vadias, mas não só aí. Também existe um novo movimento transfeminista muito ligado às perspectivas queer, e também com críticas a elas. Além disso, entendo como movimento político queer também o que está ocorrendo nos últimos anos em nossas universidades, com uma explosão de eventos, pesquisas e publicações em torno do campo das sexualidades dissidentes.
(MA) Ao definir a teoria queer (COLLING, 2014) faz a seguinte citação: “Como diz Ed Coheh (apud Morton, 2002, p. 118), o slogan dos teóricos queer deveria ser: ‘fodemos com categorias’.” Independentemente da teoria ou do movimento queer, essa citaçãoaponta para uma convergência entre sexualidade e ciência na transgressão. Seus estudos científicos sobre sexualidade são de alguma forma transgressores?
(LC) Antes de mais nada, é preciso dizer que bem antes dos estudos queer já existiam outras perspectivas teóricas, que são importantes bases dos estudos queer, que já “fodiam com as categorias”. Estou falando de todas as reflexões oriundas do pós-estruturalismo e da filosofia das diferenças, por exemplo. Os estudos queer retomam tudo isso, fazem releituras e oferecem as suas novas contribuições. Eu penso que meus estudos, e de todas pessoas que já passaram ou estão hoje no CUS, são sim, de alguma forma, transgressores (boa parte dessa produção está em nosso site, no http://www.politicasdocus.com/. E essa transgressão passa por vários níveis, inclusive no nível de transgredir as próprias formas caducas de produzir conhecimento. Destaco aqui o próprio nome do nosso grupo, que se chama CUS, uma provocativa sigla Cultura e Sexualidade. Eu explico o porquê deste nome na introdução de nosso livro Estudos e políticas do CUS, que foi recentemente lançado pela EDUFBA e que pode ser lido na íntegra em https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/1317
(MA) Na sua percepção, a comunicação da eleição para presidente do Brasil em curso apresenta novidades que justifiquem a continuação dos estudos que desenvolveu sobre mídia e eleições presidenciais de 1989 a 2002 (COLLING, 2007) e cobertura jornalística e eleições presidenciais de 2006 (COLLING; RUBIM, 2007).
(LC) Eu abandonei completamente os meus estudos sobre mídia e eleições depois do meu doutorado. E isso ocorreu por várias razões que prefiro nem comentar por aqui, mas uma delas foi a de que eu estava, já antes de realizar o doutorado, muito interessado nos estudos queer e em dar outro rumo à minha vida acadêmica. Daquela produção do mestrado e doutorado guardo a discussão sobre política, que sempre me acompanhou desde o meu TCC e que ainda me interessa, vide meu atual projeto de pesquisa do pós-doc. Obviamente, acompanho a cobertura da imprensa sobre as eleições, mas eu não sinto um pingo de vontade de voltar a escrever sobre o tema. Mas isso não quer dizer, obviamente, que não existem razões para outras pessoas continuarem esses estudos. Penso que existem sim novidades que justifiquem a continuação daqueles estudos. Por exemplo, em 2006 ainda não tínhamos a “massificação” da internet, todos os dispositivos de comunicação móvel, facebook, etc. e etc. Tudo isso tem sido usado nas campanhas e sei que meus ex-colegas de pesquisa têm pesquisado isso.
ACERVO
AQUECIMENTO GLOBAL
É o fenômeno de aumento da temperatura média dos oceanos e do ar, interferindo, consequentemente, na temperatura média global. Suas causas podem advir de circunstâncias naturais, mas os gases do efeito estufa provocados pelas ações do homem na Terra são os principais responsáveis (intensificados a partir da segunda metade do século XIX, com o advento da Revolução Industrial). Fatores, a exemplo da diminuição de áreas cobertas pela neve e o deslocamento geográfico de espécies animais, já foram apontados como consequências desse fenômeno. Diversos projetos e fundações são voltados para o combate do aquecimento global e a preservação do meio ambiente de um modo geral, como o Greenpeace e o polêmico Protocolo de Quioto.
Apicuns: aspectos gerais, evolução recente e mudanças climáticas globais
Os créditos de carbono no âmbito do Protocolo de Quioto
Souza, Silvia Lorena Villas Boas
Participação do setor privado na governança ambiental global: Evolução, contribuições e obstáculos
SOFTWARE
É um conjunto de componentes lógicos de um computador, formando agrupamento de comandos escritos em uma linguagem de programação. Esses comandos criam e permitem ações específicas nos programas de computadores. Os programadores os aperfeiçoam em sua linguagem e com novas finalidades e, assim, os softwares se inserem em novos setores do mercado de trabalho e tornam-se fundamentais para várias outras atividades.
Caracterização da Complexidade Estrutural em Sistemas de Software
Azevedo Terceiro, Antonio Soares de
Aceitação de tecnologia: uma abordagem cognitiva sobre o uso de software livre
Lima Junior, Trajano Ayrton de Souza
Sousa, Sandra Cristina Catarino
Infra-estrutura da Sociedade da Informação: a indústria de software em Salvador - BA
ARTES VISUAIS
Conjunto de artes que representa o mundo real ou imaginário e que tem a visão como principal forma de avaliação. Está relacionado com a beleza estética e criatividade. O conceito de artes visuais é muito amplo, pois envolve áreas como teatro, dança, pinturas, cinema, fotografia, dentre outros. Elas podem ser criadas através de várias ferramentas ou instrumentos. Essa arte é considerada uma ferramenta importante no âmbito da educação infantil, ajudando na criatividade e imaginação da criança. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Sinalizações: orientações gráfica urbanas
Ímã: apalavrando imagens, imaginando palavras
Paisagens Fílmicas: Um diálogo possível entre vídeo, corpo, tempo e espaço
O fio da trama: arte no currículo sergipano
Cercas urbanas:uma poética sobre os impedimentos
Alerta circula semanalmente, às terças-feiras, sob a coordenação de Flavia Garcia Rosa (Edufba) e Rodrigo Meirelles (RI/PROPCI). A execução está a cargo de Bernardo Machado, Évila Santana Mota (estagiários do Repositório Institucional). A revisão é de Tainá Amado (estagiária do Repositório Institucional). O design gráfico é de Gabriela Nascimento e Laryne Nascimento (Edufba). A divulgação está a cargo de Camila Fiuza (estagiária da Edufba).