N. 120 | 25 de novembro de 2014
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A professora Edilece Couto (EC) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dialoga com o professor Luiz Alberto Ribeiro Freire (LF) da Escola de Belas Artes da UFBA.
(EC) As igrejas baianas possuem uma imensa riqueza arquitetônica e artística, um patrimônio cultural reconhecido e com tombamentos. Atualmente, como está a preservação da talha, pintura e escultura sacra em Salvador?
(LF) A preservação desse patrimônio é precária. Tem havido restaurações, mas essas intervenções se fazem sem acompanhamento científico, sem discussões e muitas vezes por indivíduos pouco ou nada preparados. Tem prevalecido nas obras de restauro na Bahia a lógica do menor preço. Empreiteiras da construção civil empreendem esse tipo de obra e os poderes públicos deixaram que dominassem o mercado. Daí a prevalência do uso de materiais da má qualidade, de mão-de-obra pouco qualificada e da ausência de processos científicos e tecnológicos avançados.
A realidade da preservação do patrimônio baiano pode ser vista a olho nu e, em especial das igrejas. Nunca imaginei que atos comparáveis a demolição da antiga Sé em 1933, pudesse se repetir na Bahia atual.
Hoje temos a Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo abandonada pela Igreja Católica, pelo IPHAN e pelo IPAC. Essa igreja, além da fama de ter sido cenário do premiado filme “O pagador de promessas”, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, apresenta arquitetura de grande qualidade, implantação barroca com enorme escadaria e no seu interior há obras de talha do século XIX, realizadas por dois dos melhores entalhadores baianos (Joaquim Francisco de Matos Roseira e Cipriano Francisco de Sousa), pintura e douramento de um dos melhores pintores do século ( José Rodrigues Nunes). No teto da nave preservou-se uma pintura em perspectiva de excelente qualidade e de tipologia única.
Todo esse conjunto encontra-se hoje sujo de excrementos de pombos, por que as instituições citadas não se mexeram para trocar os vidros quebrados das janelas e óculo. O coroamento do retábulo-mor desabou, imagens de santos foram roubadas, assim como uma lâmpada de prata. Uma situação dessas é inconcebível em uma sociedade que paga altos impostos e mantem instituições de proteção do patrimônio como IPHAN e IPAC.
Um dia desses tivemos que abraçar o Paço Arquiepiscopal situado na Praça da Sé porque a Igreja Católica retirou o Arquivo da Cúria do lugar e simplesmente abandonou o prédio como se não fosse proprietária do imóvel, como se fosse um prédio qualquer e como se tivesse em terra sem lei.
Por toda a Bahia, principalmente no Recôncavo a situação não é diferente. Os poderes públicos ainda não sabem o que fazer com esse patrimônio, enquanto em vários países, seria muito bem tratado e utilizado como testemunho da história na educação da população e integrado a um sistema de visitação que atrairia turistas nacionais e estrangeiros, gerando trabalho e divisas, aqui são condenados a descaracterização e desaparecimento, comprometendo nossa memória social e dando a impressão que nada temos.
Igreja de Nossa Senhora da Purificação em Santo Amaro
(EC) A partir de 2010, você participou da organização do Dicionário Manuel Querino de Arte na Bahia, publicado em 2014. Qual a importância dessa obra e de Manuel Querino para a arte baiana?
(LF) Esse dicionário eletrônico é hoje o principal projeto que desenvolvemos no PPGAV/EBA/UFBA e UFRB. Trata-se de obra audaciosa e que nunca se concluirá, mas que já beneficia o público fornecendo informações, análises, críticas, referências e imagens das obras dos artistas baianos, ou que atuaram e atuam na Bahia em todos os tempos, nos vários gêneros e expressões.
Fizemos uma homenagem à Manuel Raimundo Querino, nomeando o dicionário, por ter sido o primeiro historiador da arte baiana. No seu livro “Artistas Baianos: indicações biográficas” publicado em 1909 e 1912 introduz com muita precocidade no Brasil a História da Arte como biografia dos artistas, primeiro modelo de História da Arte surgido na Itália do século XVI. Seu texto baseia-se na oralidade, mas é também fruto de pesquisa em documentos e relato de sua experiência como artista em uma Bahia que transitava entre o artesanal e o industrial.
Com todas as imprecisões que contém o seu texto, própria da memória oral, o seu livro é fundante de uma modalidade de história da arte depois continuada por Carlos Ott e Marieta Alves, que dotaram seus escritos da precisão que a pesquisa documental permite.
Manuel Querino foi igualmente pioneiro em várias cearas, sobretudo na valorização do legado cultural africano na civilização brasileira. Antecipou em muito e sem titubear a visão dos modernistas de 1922.
(EC) O seu mais recente projeto de pesquisa amplia o estudo das artes na Bahia ao incluir os retábulos oitocentistas das igrejas de várias cidades do Recôncavo. Quais são os principais objetivos e como está o andamento dessa pesquisa?
(LF) Desde a tese e a escrita do livro, ambos denominados “A talha neoclássica na Bahia” que percebi a importância de incluir exemplares de retábulos das igrejas das cidades do Recôncavo baiano, dado a afinidade formal e a percepção de certa variação estilística específica. Como não havia tempo para aprofundar os estudos deixei para outra ocasião.
Katia Mattoso diz que no século dezenove, Salvador não pode ser entendida sem o recôncavo e que as inter-relações não se davam somente no plano econômico, mas em todos as atividades da vida. Os artistas tinham nesse século um mercado de trabalho alargado e por isso trabalhavam para a ornamentação de igrejas nas várias localidades que constituíam no dizer de Mattoso a “hinterlândia” baiana.
Temos empreendido uma pesquisa com o apoio do CNPq, do qual sou bolsista de produtividade com esse projeto. Fizemos até o momento um cadastro das obras das principais igrejas das cidades do recôncavo e dedicamos esse ano a trabalhar a ornamentação da Igreja de Nossa Senhora da Purificação, a matriz de Santo Amaro. Conquanto a dificuldade de documentação, a realidade artística é por demais instigante e nos apresenta formulações que, por vezes, superam a da soterópole. Em recente apresentação no Seminário Internacional de História da Arte, em Belo Horizonte, a assistência especializada constante de doutores portugueses, espanhóis e brasileiros ficaram surpresos com a qualidade da talha dessa igreja.
Objetivamos conhecer mais profundamente o trânsito dos artistas por essas cidades, suas relações, a circulação dos modelos, as afinidades formais e sobretudo as especificidades estilísticas.
O território a ser estudado é grande, a ausência de arquivos e desfalques de documentos maiores ainda, mas a obra artística é grandiosa e pretendemos desvela-la naquilo que for possível.
ACERVO
Estatística
Área da Matemática que coleta, analisa e interpreta dados numéricos para o estudo de fenômenos naturais, econômicos e sociais. Seu termo surgiu da palavra em latim statisticum collegium, que significa “homem de estado”. É dividida em descritiva e experimental e tem como objetivo a produção da melhor informação possível a partir das coletas dos dados. Baseia-se na medição do erro que existe entre a estimativa de quanto uma amostra representa adequadamente a população da qual foi extraída. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Contribuições à avaliação da incerteza em modelos MIMO não lineares em estado estacionário
Fatores de qualidade da educação superior: estudo sobre os dados dos cursos de administração
A evolução da estatística de saúde na Bahia, 1967-1971
PUGLIESE, Celso Mário de Araújo
Queiroz, Antônio Fernando de Souza
Manga
Fruto da mangueira pertencente à família Anacardiaceae, nativa do sul e sudoeste asiático. É um fruto do tipo drupa, de coloração variada. Contém cerca de 15% de açúcar, até 1% de proteína e quantidades significativas de vitaminas, minerais e antioxidantes, podendo conter vitamina A, B e C. Por conter altas quantidades de ferro, a manga é indicada para tratamentos de anemia. Pode ser cultivada em climas tropicais e subtropicais e deve ser plantada em uma área com boa drenagem e um solo ligeiramente ácido. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Tecnologia, produtividade e exportação: uva e manga no vale do São Francisco
Artrite
É a inflamação das articulações, em amplo sentido: conjunto de sintomas e sinais resultantes de lesões articulares ocasionadas por diversas cauãs ou motivos. As artrites são um tipo de reumatismo, sendo estudadas pela reumatologia. São mais comuns em adultos e idosos. Existem mais de 100 subdivisões de artrites, demarcadas principalmente de acordo com causa, local afetado, idade (infantil ou geral) e gravidade. É um dos principais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho − Lesão por Esforço Repetitivo (LER) é um exemplo bem comum. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Envolvimento Pulmonar Artrite Reumatóide
Leão, Duilho Pablo de Oliveira
O envolvimento da articulação temporomandibular na artrite reumatoide
Torres, Marianna Guanaes Gomes
Campos, Paulo Sérgio Flores
Nascimento, Roberto José Meyer
Valor diagnóstico do anticorpo antipeptídeo citrulinado cíclico na artrite reumatoide
Matos, Afonso Napoleão
Lima, Áurea Maria Santana
Lima, Elízia Fernandes
Gaspar, Antônio Pinheiro
Braga, José Antônio Fortes
Carvalh., Edgar M.
Associação do anticorpo anticitrulina e gravidade da artrite reumatoide
Matos, Afonso Napoleão
Lima, Áurea Maria Santana
Lima, Elízia Fernandes
Lima, Maria Isabel Campos de Santana
Carvalho, Edgar M.