N. 139 | 28 de Abril de 2015
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
O professor Sávio Siqueira do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia dialoga com Edilene Matos professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da UFBA.
(SS) Em sua riquíssima formação acadêmica, emerge, claramente, um perfil intrinsecamente interdisciplinar. Sendo assim, quais os desafios encontrados pela senhora na coordenação de um programa multidisciplinar de pós-graduação em cultura e sociedade?
(EM) De início, quero dizer que os desafios são muitos. E isto porque, em verdade, ainda não temos realmente uma formação interdisciplinar. A anulação da dicotomia ciência x existência ainda vive no limbo da impossibilidade, mas há, sim, não tenho dúvidas e faço coro com Ivani Fazenda, a possibilidade de um projeto antropológico de educação - pensando o homem como um ser múltiplo e vário -, que é justamente o interdisciplinar. Alcançar isso, no entanto, requer mudança de pensamento para que as fronteiras disciplinares sejam aproximadas e, em permanente colaboração, possam entrar em interação e convergência, sem desconhecer os contrapontos. A interdisciplinaridade caminha para a transdisciplinaridade, superando lacunas entre as disciplinas e propondo trabalhar o conhecimento através de interdependências e conexões recíprocas.
O Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade está a fazer permanentemente esse exercício. O Curso tem essa vocação antropológica a que me refiro, mas, vez ou outra, entra em choque com uma mentalidade centrada numa visão monológica do ser humano, quando a interdisciplinaridade não é só uma teoria, mas um trabalho prático, efetivo, que transforma a pesquisa em movimento.
(SS) O texto de cordel é uma das representações literárias mais significativas do Brasil, em especial da nossa região. O que o seu projeto "Memória em rede: literatura de cordel na Bahia" revelou de mais interessante para os estudiosos da área e para o público em geral?
(EM) Meu trabalho envolve a voz, voz como sopro de vida. A partir da ideia de voz como espaço de fronteiras entre culturas, como um tecido de tramas entre memória, história, encenação (corpo), traço, olho e letra, este projeto se propõe a investigar, contemporaneamente, as diferentes vozes que permeiam o que chamo, aqui, de poéticas das culturas orais, que atravessam o presente, mas formam também teias de contato com aquelas vozes que se inscreveram na história. Dentre essas poéticas, está a literatura de cordel, ainda insuficientemente prestigiada enquanto texto artístico e, portanto, transgressor. O texto do cordel põe em destaque a dimensão performática da arte: o corpo do intérprete, o corpo do leitor, o corpo do próprio texto e o corpo do próprio autor inscrito no texto. Aqui, relembro Zumthor, quando se refere à gestualidade e corporalidade dos textos poéticos medievais, textos estes, como os dos poetas de cordel, acentuadamente declamatórios e performáticos, onde predominava a palavra gesticulada dos poetas, a música, a dança, esse jogo cênico e verbal que é linguagem do corpo e colocação em obra das sensualidades carnais.
Criei aqui, na Bahia, no âmbito da Fundação Cultural do Estado, um Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre este tipo de manifestação artístico-cultural, local de acolhimento para pesquisadores e interessados, com o objetivo mesmo de exibir esse patrimônio do povo brasileiro ainda em vigor em pleno século XXI.
(SS) Quem faz boa literatura no Brasil atualmente e que recomendações a senhora daria ao jovem para que ele se engaje cada vez mais no hábito de ler, seja no mundo físico ou no virtual?
(EM)Há alguns bons escritores e eu cito, inicialmente, o Milton Hatoum. Também o Luiz Rufatto, o Marcelino Freire, o Chico Buarque, o poeta Antonio Cícero, a poeta Mariana Ianelli, o cordelista Antonio Carlos Barreto ...
Meu conselho: Leiam, leiam ... A leitura conduz a viagens inesquecíveis. Para entrar no jogo da leitura, é preciso coragem, muita coragem para se ter a experiência do espanto.
A leitura reúne, religa, reintegra, devolve, dá consciência do homem do mundo e do lugar e do papel de cada um de nós no mundo.
ACERVO
ANTROPOMETRIA
Ramo da Antropologia que estuda as medidas e dimensões das diversas partes do corpo humano. Está relacionada com os estudos da Antropologia física ou biológica, que se ocupa em analisar os aspectos genéticos e biológicos do ser humano e compará-los entre si. A origem da antropometria remonta-se à Antiguidade, pois egípcios e gregos já observavam e estudavam a relação das partes do corpo. Atualmente, é aplicada em diferentes áreas da Medicina para estudar doenças e anomalias que afetam as dimensões do corpo humano. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Avaliação nutricional e envelhecimento
Costa, Priscila Ribas de Farias
Pitanga, Francisco José Gondim
Determinantes antropométricos da asma e atopia em crianças: coorte scaala, Salvador-Ba
ANURA
Constitui uma ordem de animais pertencentes à classe Amphibia, que inclui sapos, rãs e pererecas. Contendo cerca de 6038 espécies, a maioria é caracterizada por longas patas posteriores, corpo curto, membranas interdigitais, olhos protuberantes e ausência de cauda. Algumas espécies da ordem anura vivem nos trópicos e regiões subárticas, mas grande parte é encontrada em florestas tropicais. Se alimentam, principalmente, de animais invertebrados de pequeno porte, como mosquitos, moscas, dentre outros. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Cruz, Carlos Alberto Gonçalves
Caramaschi, Ulisses
Napoli, Marcelo Felgueiras
TRADIÇÃO
Deriva do latim traditio, que significa “transmissão”, algo que é transmitido do passado para o presente. Abrange um conjunto de comunicação oral de fatos costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas, práticas, doutrinas e leis que são transmitidos de geração em geração para pessoas de uma comunidade, sendo que tais elementos passam a fazer parte de uma determinada cultura. Para que algo se estabeleça como tradição, é necessário bastante tempo, de modo que o hábito seja criado. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Cultura popular no alto Sertão Baiano: a tradição do vai de virá em Guanambi – BA
RIKUD VIRA-LATA: metáforas dos borramentos entre tradição e contemporaneidade na cena da dança
O uso das ferramentas Web 2.0 na gestão de instituições arquivísticas nacionais de tradição ibérica
Faculdade mantém tradição do ensino médico na Bahia
A tradição romântica na construção das imagens na poesia de Cecília Meireles