N.156 | 1 de Setembro de 2015
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
Em virtude das dificuldades de "diálogo" nesse período de paralisação das atividades na UFBA, faremos uma retrospectiva dos primeiros DIÁLOGOS
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A professora Monica de Aguiar Mac-Allister da Silva (MA) da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dialoga com o professor Leandro Colling (LC) do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos – IHAC/UFBA.
(MA) Os movimentos queer e das vadias parecem responder mais adequadamente à diversidade dos que os movimentos LGBT, gay e feminista, e se distanciarem também e até mais da identidade heterossexual e machista. Faz sentido essa distinção? Em que o movimento queer se distingue de outros movimentos que se opõem à heteronormatividade homofóbica.
(LC) Sim, eu penso que essa distinção faz todo sentido. Atualmente, estou escrevendo o livro de minha pesquisa de pós-doutorado que trata exatamente desta questão. Depois de quase um ano fazendo minha pesquisa de campo em Portugal, Espanha, Argentina, Equador e Chile, países nos quais entrevistei cerca de 50 ativistas de coletivos queer e do movimento LGBT mais institucionalizado, é possível perceber de forma muito mais nítida as grandes diferenças entre essas duas formas de ativismo.
O meu livro vai tratar dessas diferenças de uma forma sistemática e aprofundada, mas antecipo aqui que algumas das grandes diferenças são: o ativismo queer, ao contrário da maioria do movimento LGBT mainstream, é mais ligado com novas perspectivas feministas queer que dialogam muito bem com as marchas das vadias. Esses coletivos queer defendem a regulamentação da prostituição, defendem, praticam e disseminam práticas sexuais tidas como “radicais”, a exemplo das ligadas ao sadomasoquismo, defendem novas configurações afetivo-sexuais para além de duas pessoas, produzem filmes de pós-pornografia, questionam a pretensa naturalidade da heterossexualidade, tratam sobre a incidência de heteronormatividade sobre as pessoas heterossexuais e também sobre as pessoas LGBT, possuem formas organizativas mais horizontais e rejeitam verbas públicas ou de partidos porque entendem que isso os tornam mais independentes. Realizam ações diversas, em especial performances públicas, livros, filmes, documentários, que focam muito mais no combate à homo-lesbo-transfobia no plano da cultura e não tanto no plano legal e institucional.
Essas são apenas algumas das diferenças que eu também pretendo pesquisar no Brasil e penso que uma das manifestações do queer em nosso país ocorre pelas vadias, mas não só aí. Também existe um novo movimento transfeminista muito ligado às perspectivas queer, e também com críticas a elas. Além disso, entendo como movimento político queer também o que está ocorrendo nos últimos anos em nossas universidades, com uma explosão de eventos, pesquisas e publicações em torno do campo das sexualidades dissidentes.
(MA) Ao definir a teoria queer (COLLING, 2014) faz a seguinte citação: “Como diz Ed Coheh (apud Morton, 2002, p. 118), o slogan dos teóricos queer deveria ser: ‘fodemos com categorias’.” Independentemente da teoria ou do movimento queer, essa citaçãoaponta para uma convergência entre sexualidade e ciência na transgressão. Seus estudos científicos sobre sexualidade são de alguma forma transgressores?
(LC) Antes de mais nada, é preciso dizer que bem antes dos estudos queer já existiam outras perspectivas teóricas, que são importantes bases dos estudos queer, que já “fodiam com as categorias”. Estou falando de todas as reflexões oriundas do pós-estruturalismo e da filosofia das diferenças, por exemplo. Os estudos queer retomam tudo isso, fazem releituras e oferecem as suas novas contribuições. Eu penso que meus estudos, e de todas pessoas que já passaram ou estão hoje no CUS, são sim, de alguma forma, transgressores (boa parte dessa produção está em nosso site, no http://www.politicasdocus.com/. E essa transgressão passa por vários níveis, inclusive no nível de transgredir as próprias formas caducas de produzir conhecimento. Destaco aqui o próprio nome do nosso grupo, que se chama CUS, uma provocativa sigla Cultura e Sexualidade. Eu explico o porquê deste nome na introdução de nosso livro Estudos e políticas do CUS, que foi recentemente lançado pela EDUFBA e que pode ser lido na íntegra em https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/1317
(MA) Na sua percepção, a comunicação da eleição para presidente do Brasil em curso apresenta novidades que justifiquem a continuação dos estudos que desenvolveu sobre mídia e eleições presidenciais de 1989 a 2002 (COLLING, 2007) e cobertura jornalística e eleições presidenciais de 2006 (COLLING; RUBIM, 2007).
(LC) Eu abandonei completamente os meus estudos sobre mídia e eleições depois do meu doutorado. E isso ocorreu por várias razões que prefiro nem comentar por aqui, mas uma delas foi a de que eu estava, já antes de realizar o doutorado, muito interessado nos estudos queer e em dar outro rumo à minha vida acadêmica. Daquela produção do mestrado e doutorado guardo a discussão sobre política, que sempre me acompanhou desde o meu TCC e que ainda me interessa, vide meu atual projeto de pesquisa do pós-doc. Obviamente, acompanho a cobertura da imprensa sobre as eleições, mas eu não sinto um pingo de vontade de voltar a escrever sobre o tema. Mas isso não quer dizer, obviamente, que não existem razões para outras pessoas continuarem esses estudos. Penso que existem sim novidades que justifiquem a continuação daqueles estudos. Por exemplo, em 2006 ainda não tínhamos a “massificação” da internet, todos os dispositivos de comunicação móvel, facebook, etc. e etc. Tudo isso tem sido usado nas campanhas e sei que meus ex-colegas de pesquisa têm pesquisado isso.
ACERVO
PRAGMATISMO
Corrente de ideias que prega que a validade de uma doutrina filosófica é determinada pelo seu bom êxito prático. É um pensamento disseminado, no fim do século XIX, pelo filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914) e pelo psicólogo William James (1844-1910). Ser pragmático é considerar o valor prático como critério da verdade, ter seus objetivos bem definidos e se basear no conceito de que as ideias e atos só são verdadeiros se servirem para a solução imediata de seus problemas. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Utopia e pragmatismo em cinco propostas de habitação de interesse social no Brasil (1992-2012)
Nós, pós-kuhnianos esclarecidos... (epistemologia, pragmatismo e realismo científico)
de Souza, José Crisóstomo
Santos, Wagner Conceição
EPISTEMOLOGIA E VERDADE NO PRAGMATISMO DE WILLIAM JAMES
LITERATURA COMPARADA
É um campo interdisciplinar da Literatura que analisa comparativamente duas ou mais obras, abrangendo os estudos transversais às fronteiras nacionais, ao tempo, às línguas, aos gêneros, aos limites entre a Literatura e as demais artes, como o cinema, o teatro, a música, etc. Desse modo, relaciona-se com a cultura e outros campos e/ou disciplinas (psicologia, Filosofia, Ciências, História, Sociologia, política, entre outros). As atuais tendências da literatura comparada também refletem a crescente importância dos Estudos Culturais nos campos da Literatura. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Desleituras cinematográficas: literatura, cinema e cultura
Oliveira, Marinyze Prates de
Ramos, Elizabeth
Da ironia como crítica social nas obras de Bernardo Santareno e Nelson Rodrigues
Uma Cartografia Feminista sobre a Relação Mulher e Casamento em Narrativas Anglófonas
Nossos sonhos atravessaram as fronteiras da realidade
Laranjeira, Antonio Eduardo Soares
LER
Lesão por Esforço Repetitivo são lesões nos sistemas músculo-esquelético e nervoso causadas por tarefas repetitivas. Esse distúrbio provoca dor e inflamação e pode alterar a capacidade funcional da região comprometida. Os principais sintomas do LER são: dor nos membros superiores e nos dedos, dificuldade para movimentá-los, formigamento, fadiga muscular, alteração da temperatura e da sensibilidade, redução na amplitude do movimento, inflamação. Uns dos tratamentos para ajudar na melhora dessa lesão são: imobilizar a área traumatizada, uso oral ou tópico de anti-inflamatórios e analgésicos e sessões com um fisiologista de reabilitação. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Significados e (re)significados: o itinerário terapêutico dos trabalhadores com LER/Dort
Perfil das trabalhadoras de enfermagem com diagnóstico de LER/DORT em Salvador-Bahia 1998-2002
Varela, Claudete Dantas da Silva
Incapacidade, cotidiano e subjetividade: a narrativa de trabalhadores com LER/DORT
Doença invisível, medicina ambígua: a configuração clínica da LER/DORT
Da legitimação a (res)significação: o itinerário terapêutico de trabalhadores com LER/DORT