N.115| 21 de outubro de 2014

Nova seção no Alerta

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!

 

Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.

 

DIÁLOGOS POSSÍVEIS

Em busca do diálogo entre as Ciências

 

A professora Sonia Sampaio (SS) do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da Universidade Federal da Bahia (UFBA)  dialoga com a professora Vanessa Hatje (VH) do  Instituto de Química  da  UFBA.

 

SS - Fiquei curiosa em saber como o mar chegou a você. Ou será que foi você que chegou aos oceanos?

VH - O mar durante minha infância representava férias, liberdade e descobertas. Com o passar do tempo, fui me interessando cada vez mais pelos oceanos, seus habitantes e seus processos. Muito deste interesse foi despertado por atividades de mergulho autônomo que praticava no litoral norte de São Paulo. Por intermédio de um colega mergulhador, conheci o Prof. Rolf Roland Weber, um dos químicos pioneiros a trabalhar com oceanografia química no Brasil. Foi Rolf quem me mostrou que o oceano poderia desempenhar na minha vida um papel não apenas de lazer, como também poderia ser o objeto de estudo de uma vida toda. Rolf abriu as portas de seus laboratórios, mostrou vários equipamentos para coleta e análise de água e sedimentos e relatou com muito entusiasmo as diversas expedições oceanográficas que ele havia participado. Depois deste encontro, estava certa que trabalhar com o oceano e seus ambientes seria o caminho natural a seguir. Curiosamente, cerca de 15 anos depois de ter conhecido o Rolf, tive o prazer de ter a sua presença na banca do concurso que realizei para professor Adjunto na área oceanografia química aqui na UFBA, em 2006

SS - Como vc vê a abordagem interdisciplinar na pesquisa em seu campo?

VH - A oceanografia, por natureza é uma ciência multidisciplinar, sendo que desconsiderar este aspecto não é saudável ou produtivo para as ciências marinhas. Pensemos, por exemplo, no papel da produção primária nos oceanos, a qual representa aproximadamente metade de toda a fixação de C do planeta terra e desempenha um papel importante no controle do clima presente e futuro. A compreensão deste processo necessita de um entendimento da a) biologia/ecologia dos organismos fotossintetizantes – organismos fitoplanctônicos; b) química da água do mar - disponibilidade e tipo de macro e micronutrientes presentes na água do mar; e c) condições de luz, temperatura e aporte de nutrientes, controlados por processos físicos. Assim, uma expedição oceanográfica que objetive quantificar e entender os processos que controlam a produção primária nos oceanos e os ciclos biogeoquímicos associados, necessariamente será composta por oceanógrafos que trabalhem com física, química e biologia. Os resultados obtidos, em cada área específica da oceanografia, levam a interpretações e contextos muito diferenciados e complexos, geralmente mais reais, quando o cenário multidisciplinar é construído. Frequentemente, os estudos disciplinares nos oceanos são as bases de formação de hipóteses e de paradigmas de cada área específica, que só conseguem ser testados por meio de estudos multidisciplinares.

O campo da oceanografia, por vários aspectos, foi pioneiro em estudos multidisciplinares de larga escala, por outro lado se depara com um grande problema, especialmente no Brasil, que é o financiamento deste tipo de estudo. Os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia vieram a mitigar parte deste problema, mas ainda temos um longo caminho a percorrer...

Acredito que os oceanógrafos podem se orgulhar do grau em que os temas multidisciplinares são tratados na sua profissão. A oceanografia certamente é um exemplo de como a pesquisa multidisciplinar pode ser realizada. Cabe lembrar, que sempre haverá espaço para o fortalecimento das interações entre as principais áreas das ciências marinhas.

SS - Eu me interesso pelo tema Universidade e Sociedade. O que um professor universitário, que estuda questões relativas a esse ambiente, ainda tão desconhecido e tão frágil, pode fazer para estimular uma postura cidadã frente à necessidade de sua preservação?

VH - São muitos os caminhos que podem ser utilizados para fazer a conexão entre o conhecimento científico gerado em nossos laboratórios, que podem fomentar ações mais conscientes frente ao uso dos recursos naturais, e a sociedade, vou exemplificar um deles. O Projeto Baía de Todos os Santos (BTS) pode ser definido como uma ação acadêmica concertada, de longo prazo (30 anos), de caráter multidisciplinar, que prevê a sistematização, produção e disseminação de informações científicas e tecnológicas e a formação de pessoal, a partir de pesquisas e intervenções na BTS. Iniciado no final de 2008, o Projeto tem recebido apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e dos INCTs de Energia e Ambiente e Ambientes Marinhos Tropicais (CNPq). Neste projeto realizamos uma série de ações estratégicas para promover a integração dos grupos de pesquisa com as comunidades locais que dependem dos recursos naturais da Baía de Todos os Santos e, portanto, tem uma forte relação com os diversos ambientes da Baía.

A Coleção Cartilhas se insere neste contexto. Oito livretos foram escritos para favorecer a divulgação de conhecimento científico em temas importantes, de maneira simples e direta, tendo como público alvo professores e alunos de educação básica de comunidades do entorno da BTS. Um dos temas abordados foi o uso, preservação e escassez da água, que hoje se constitui em uma das maiores preocupações não apenas dos pesquisadores e gestores, como de toda sociedade. Acredito que esta coleção de cartilhas, tanto nas escolas, como durante trabalhos de campo quando interagimos com as comunidades locais, seja uma ferramenta útil para a discussão sobre as formas diferentes de conservação e preservação deste bem tão valioso que é o ambiente. Estamos no momento finalizando a segunda coleção de cartilhas, a qual dará continuidade à primeira coleção e abordará diversos aspectos associados ao uso sustentável dos ecossistemas da Baía de Todos os Santos.

 

ACERVO

Águas subterrâneas

Águas que se encontram abaixo da superfície do solo. São formadas pelo excedente da chuva. Desempenha papel essencial na manutenção da umidade do solo, fluxo dos rios, lagos e brejos. Geralmente são armazenadas em rochas sedimentares porosas e permeáveis, ou em rochas não porosas. As águas subterrâneas são consideradas mais adequadas para o consumo humano, pois durante seu percurso entre os poros do subsolo e das rochas, ocorre a depuração através de processos físico-químicos e bacteriológicos. Uma das maiores reservas de águas subterrâneas do mundo é o famoso Aqüífero Guarani, que ocupa o subsolo do nordeste da Argentina, centro-sudoeste do Brasil, noroeste do Uruguai e sudeste do Paraguai. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Exposição a urânio natural em águas subterrâneas e efeitos renais: uma revisão de literatura

Gomes, Gerson Silva

 

Análise dos processos de salinização das águas subterrâneas da Bacia do Rio Salitre por meio de traçadores ambientais

Santos, Christian Pereira Lopes dos

 

Hidrogeoquímica das Águas Subterrâneas do Município de Iraquara, Bahia

Santos, Rodrigo Alves

 

Aspectos da composição isotópicas das águas subterrâneas da ilha de Itaparica, Bahia, Brasil

Pereira, Éder Rezende Santana

Cruz, Manoel Jerônimo Moreira

Costa, Alexandre Barreto

 

Qualidade Da Água Do Aquífero Freático No Alto Cristalino De Salvador, Bacia Do Rio Lucaia, Salvador, Bahia

Nascimento, Sergio Augusto De Morais

Barbosa, Johildo Salomão Figueiredo

 

 

Tecnologia da Informação

Conjunto de recursos tecnológicos que permitem administrar ou armazenar variadas quantidades de informações. Surgiu com o advento dos computadores nas empresas e organizações. Pode ser dividida de acordo com as seguintes áreas: hardware e seus componentes, software e seus meios, sistemas de telecomunicações e gestão de informações e de dados. O desenvolvimento dessa tecnologia introduziu novas formas de organizações e acessos de dados aos principais locais de armazenamentos de informação. A tecnologia da informação não inclui somente componentes de máquina: utilizam tecnologias intelectuais para lidar com o ciclo da informação, como técnicas de classificação. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Do Braille às tecnologias digitais de informação e comunicação: leituras e vivências de cidadãos-cegos, suas relações com a informação e com a construção de conhecimento

Freitas Neto, Albérico Salgueiro de

 

Análise espacial do arranjo produtivo de tecnologia da informação de Salvador

Gois, Edsonei Mascarenhas de

 

Determinantes da difusão de sistemas de informação nas pousadas do Pelourinho em Salvador

Ferreira, Isabel Cristina Nogueira

 

Sistemas integrados de gestão (ERP): suporte da tecnologia avançada para perpetuação do Taylorismo? um estudo de caso de uma empresa de fertilizantes

Neves, José Carlos Serra

 

Relação entre tecnologia da informação (ti) e o desenvolvimento de redes de cooperação interorganizacionais

Bento Filho, Diógenes de Araújo

 

Cooperativismo

É a doutrina que preconiza a colaboração e a associação de pessoas ou grupos com os mesmos interesses, com o objetivo de obter vantagens comuns em suas atividades econômicas. Como fato econômico, o cooperativismo atua no sentido de reduzir os custos de produção, obter melhores condições de prazo e preço, edificar instalações de uso comum, ou seja, interferir no sistema em vigor em busca de alternativas a seus métodos e soluções. O símbolo mais usado do cooperativismo é o de dois pinheiros dentro de um círculo. No dia 4 de julho é comemorado o Dia Internacional do Cooperativismo. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:

 

Análise-diagnóstico do cooperativismo trabalhista praticado na Região Metropolitana de Salvador 

Santos, Renan Rodrigues dos

 

O cooperativismo como forma de organização da pequena produção agrícola : o caso da Associação Cooperativista de Pequenos Produtores de Jaguarari - ASCOPEP 1987 – 2001

Atanázio, Marta Virginia Salgado

 

Cooperativas de trabalho e sua relação com a geração de emprego

França, Carla da Silva Argolo

 

Da “cidadania regulada” à cidadania regressiva: um estudo de caso do projeto de cooperativismo urbano da CUT

Jesus, Selma Cristina Silva de

 

O papel da cooperação em assentamentos de reforma agrária: três estudos de caso

Silva, Lígia Graciete Soares