N.131 | 3 de Março de 2015
Nova seção no Alerta
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A seção Diálogos se destina a fomentar a interação entre pesquisadores/autores, de distintas áreas do conhecimento, que disponibilizam o conteúdo de sua produção no Repositório Institucional da UFBA. Boa leitura!
Alerta é uma publicação do Núcleo de Disseminação do Conhecimento (NDC) e destina-se a divulgar a produção acadêmica da UFBA registrada no seu Repositório Institucional. O Núcleo foi criado e é mantido pelo Grupo Gestor do Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (RI/UFBA). Para mais informações e para acessar todas as edições do Alerta, visite: www.ndc.ufba.br.
DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Em busca do diálogo entre as Ciências
A professora Edilene Matos (EM), professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC) UFBA, dialoga com o professor Milton Moura (MM) professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.
(EM) Milton, sabemos que, contemporaneamente, o conceito de espetáculo se desloca, ou melhor, se amplia para aquele de espetáculo vivo. Considerando a relação entre espetáculo e sociedade e a pertinência do espetáculo concebido como enredo ou trama da mobilidade social, como você avalia a festa enquanto espetáculo?
(MM) Como disse certa feita nosso saudoso Bião, não há espetáculos mortos. Os espetáculos o são pela capacidade de nos interpelar, nos excitar, nos inquietar, nos envolver. Isto não é uma dinâmica propriamente intelectual, embora seja relevante a reflexão dos intelectuais sobre a festa. A festa é também diversão, entretenimento, gozo gratuito. Não creio que a festa seja por si um fator de mobilidade. Algumas festas, com as tradicionais comemorações de nubilidade das adolescentes, são muito reguladoras e conservadoras, inclusive até hoje, entre nós. O que pode acontecer é que uma grande ocasião festiva como o Carnaval pode ser aproveitada por alguns sujeitos coletivos como oportunidade para mostrar bandeiras. Esta estratégia se observou vigorosamente, no nosso caso, no âmbito dos movimentos negros nos anos 70 aos 90.
Creio que a festa não necessita de enredo. Para mim, é artificial quando se diz que "o tema do Carnaval é...". Ora, o tema do Carnaval é a esculhambação, a galhofa, a brincadeira, a ironia alegre, a recriação permanente do mundo. Leio pela cartilha de Bakhtin. A festa faz sentido enquanto festa quando inverte, de alguma forma, em algum sentido e em certa medida, a chatice e a mesmice da regulação do cotidiano.
(EM) O carnaval se inscreve numa performance polissêmica. Qual o sentido e a importância dessa polissemia hoje?
(MM) Desde os tempos antigos e medievais, observam-se diversas formas de viver o Carnaval, sendo que o próprio nome Carnaval se presta a diversas interpretações. Sua etimologia ora é referida à expressão carne vale, ora à expressão carrumnavale, as carroças que passavam com ícones eróticos diante da multidão. Na minha experiência de quem já está ficando velho, percebo que os Carnavais são vários ao mesmo tempo. Num espaço de duzentos metros, podem estar acontecendo tantas formas carnavalescas... sendo que algumas nem chegam a parecer carnavalescas aos sujeitos de outros formatos festivos... Meu querido Bakhtin insiste no excesso, na desmesura, no grotesco. Mesmo quando as classes médias e os mais ricos pensam que estão escapando disto ao distanciar-se das massas pobres para fazer sua festa, o consumo acentuado e prolongado de substâncias pela boca e pelo nariz - portanto, uma certa inversão na duração e na intensidade das práticas relacionadas às substâncias psicoativas e à comida e bebida saborosas - leva estas pessoas ao delírio que, mesmo quando não é prolongado, promete(ria) ser... O Carnaval é um suspiro da alma - ou da subjetividade, como fica mais moderno dizer - que não aguenta mais o cotidiano insuportável das festinhas de amigo secreto, das formaturas, das filas, das defesas de tese, das reuniões de modo geral às quais comparecemos mais em virtude de sua inevitabilidade que de sua utilidade ou fruição.
(EM) A festa (espaço semiótico), como todos os sistemas da cultura, é marcada pela mobilidade no tempo e no espaço. Enfim, poderia explicar em que medida a atual festa do carnaval pode ser considerada como espaço de resistência e de transgressão?
(MM) Resistência é um conceito-chave que tem sido usado com muita frequência pelos dictores de movimentos sociais diretamente referidos à etnicidade, à dinâmica de classes, às relações de gênero e, mais recentemente, ao manejo dos recursos ambientais. Nem tudo que se diz "resistência" me parece propriamente sê-lo. Muitas vezes é um apelo no sentido de que se resista. É propriamente uma militância, bem diferente da compreensão que acalento do Carnaval. Entretanto, mesmo não tendo disposição para este tipo de discurso, vejo como uma prerrogativa válida desses movimentos colocar seus anseios durante os festejos do Carnaval. Pena que este afã leve os militantes, não poucas vezes, a sufocar manifestações tradicionais populares. É o que se observa, de uns anos para cá, na Mudança do Garcia.
Quanto à transgressão... creio que a transgressão mais radical e poderosa é rir. Rir de si mesmo, da sociedade, da religião, de Deus, da política, da família, dos nossos projetos, do currículo Lattes, de tudo. Alguns dias por ano para percebermos que a maioria das coisas que fazemos vale muito pouco e satisfazem bem pouco nossos anseios mais endocrinológicos e anímicos.
ACERVO
AMIDO
Polissacarídeo formado pela união de moléculas de glicose da amilose e da amilopectina. É a principal forma de armazenamento de energia das plantas, principalmente nas épocas de dormência e germinação. Na digestão, o amido é decomposto por reações de hidrólise em carboidratos menores, como a glicose, que é a fonte primária de energia do corpo. A maior parte dos carboidratos ingeridos pelo ser humano é fornecida pelo amido. É utilizado na indústria, devido ao baixo custo, para alterar ou controlar diversas características alimentares, por exemplo, consistência e a aparência. Batatas, feijão e milho são exemplos de vegetais que armazenam amido. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Avaliação dietética de amidos pelas respostas glicêmica e insulinêmica em cães
Desenvolvimento e caracterização de filmes flexíveis de amido de mandioca com nanocelulose de coco
Machado, Bruna Aparecida Souza
AUTISMO
Transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social. Os sintomas evidentes começam gradualmente após a idade de seis meses, estabelecem-se por doisou três anos e tendem a continuar até a idade adulta. Alguns dos sintomas do autismo são: prejuízos na interação social, deficiências na comunicação e interesses e comportamento repetitivo e restrito. As causas são desconhecidas, mas as pesquisas na área estão cada vez mais intensivas. Não existe tratamento padrão que possa ser utilizado, cada paciente exige acompanhamento individual de acordo com suas necessidades e deficiências. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
A prática pedagógica na inclusão educacional de alunos com autismo
Silva, Élida Cristina Santos da.
Moraes, Carolina Jannini Franco de
DANÇA MODERNA
Emergida dos últimos anos do século XIX e afirmada nos primeiros anos do século XX, possui raízes e intenções bem distintas. Os bailarinos dançam descalços, trabalham contrações, torções, desencaixe, e seus movimentos são mais livres, embora ainda respeitem uma técnica organizada. Recusa o apoio nas pontas dos pés como um catalisador dos movimentos e coloca o eixo de seu trabalho no tronco, no contato, na queda, na improvisação, na respiração, no movimento da coluna e das articulações em diferentes graus de tensão/relaxamento musculare também o trabalho no chão. No RI/UFBA você encontra diversos trabalhos acadêmicos sobre este tema, entre os quais:
Escritas do corpo: palavras ações
Danças contemporâneas: articulando concepções e práticas de ensino
Dança autobiográfica-multivocalidade do self encenado a partir e além da carne negra